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Mostrando postagens com o rótulo Primeiro Cinema

Filme do Dia: The Bitter Bit (1899), James Bamforth

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  T he Bitter Bit (Reino Unido, 1899). Direção James Bamforth. Homem pressiona a mangueira com a mão, impedindo o fluxo de água de circular. O homem que regava o jardim estranha e observa a saída da mangueira, quando o homem retira o pé da mesma, esguinchando água sobre. O brincalhão se encontra escondido atrás de uma árvore e quando o alvo de sua brincadeira percebe tudo vai atrás dele, que utiliza a própria árvore para tentar fugir do outro, mas é capturado pelo mesmo que o molha com a mangueira. Bamforth não parece alguém propriamente criativo. Das três produções sobreviventes de sua autoria, ao menos duas são cópias de filmes alheios – no caso de The Kiss in the Tunnel , de um homônimo com enredo similar. E, pior que isso, consegue piorar seus copiados. No caso deste. Com mais tempo para apresentar sua “história” que o célebre O Regador Regado , de quatro anos antes, dos Lumière, uma boa parte do seu tempo é gasta em uma inverossímil brincadeira no estilo pega-pega entre os do

Filme do Dia: A Victorian Lady in Her Boudoir (1896), Esme Collings

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  A   Victorian Lady in Her Boudoir (Reino Unido, 1896). Fotografia Esme Collings. A composição algo roliça da mulher a se despir é tão testemunho de padrões de beleza distintos dos olhos que observam esta produção com a distância de bem mais de um século, e tão recorrentes nas imagens da época quanto a inescapável função voyeurística do cinema, em termos mais propriamente libidinosos, desde o início das imagens em movimento. Ela se despe em meio a duas cadeiras, que servirão como cabides improvisados onde depositará suas extensas vestes,  e um cenário que busca emular o quarto íntimo ( boudoir para os franceses) da senhora. O fato de ser uma dama da era vitoriana traz um sabor a mais. Como boa stripper , valoriza seu passe, ao sugerir mais que se expor por completo, detendo-se na última peça, uma camisola a qual se pode adivinhar, mais pelos seios que propriamente pelo sexo, que se encontra nua depois deste último obstáculo. A estratégia de se despir, no entanto, emula o naturalis

Filme do Dia: Course en Sacs (1896), Louis Lumière

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  C ourse en Sacs (França, 1896) Direção: Louis Lumière. Uma corrida de sacos, evento comum nos festejos da época. Os competidores (e muito provavelmente a própria assistência que os ladeia) são operários das fábricas dos Lumière. É interessante a idéia progressiva da multidão que se fecha e goza do desastrado último competidor, que tem seu avanço indiscriminado que ameaça a própria câmera que os registra;   alertado pelo realizador, dos quais se observa as mãos gesticulando para que algumas pessoas se desviem da câmera, numa primeira aparição do realizador em seu próprio filme, intervenção que se tornará comum no cinema autoral dos anos 60. Lumière. 35 segundos.

Filme do Dia: Stop, Thief! (1901), James WIlliamson

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  P ega Ladrão ( S top, Thief! , Reino Unido, 1901). Direção: James Williamson. Com: Sam Dalton. Um larápio rouba um homem e sai correndo. O homem o persegue e alguns moradores observam a cena. O larápio pula em um barril atraindo a atenção de cachorros que pulam no mesmo barril. Cada dono de um cachorro vai pegar o seu, e o homem que foi furtado pega o larápio e lhe dá uma surra. Um dos primeiros filmes a fazer uso de uma certa noção de continuidade espacial, continuidade essa elaborada a partir de uma montagem que privilegia o acompanhamento da continuação de uma ação de perseguição – sendo o filme uma espécie de protótipo dos chamados “filmes de perseguição” de anos após. Dalton, que encarna o larápio, colaborou em diversas produções de Williamson, encontrando-se aqui quase irreconhecível quando em comparação ao mais famoso The Big Swallow , realizado no mesmo ano. Williamson Kinematograph Co. 1 minuto e 57 segundos.

Filme do Dia: Parade of Marines, U.S. Cruiser, Brooklyn (1898), William Heise

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  P arade of Marines, U.S. Cruiser, Brooklyn (EUA, 1898). Fotografia: William Heise À descrição de paradas militares, bastante populares em um momento no qual o país se encontra em Guerra (a   Hispano-Americana), que vivencia seu auge esse ano, soma-se a curiosidade de dois elementos “estranhos” ao cortejo, um homem e uma criança que carregam cada um   seu balde (vendedores ambulantes), plano esse que se encontra repetido na cópia em questão e quebra um pouco com a formalidade pomposa do evento. Edison Manufacturing Co. 1 minuto e 36 segundos

Filme do Dia: Marseille, la Canebière (1896), Louis Lumière

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  M arseille, la Canebière (França, 1896). Fotografia Louis Lumière. É incrível a vivacidade e nitidez das imagens de uma rua movimentada da cidade francesa, repleta de postes, anúncios, pessoas e veículos em movimento. Nitidez que pode provocar reações paradoxais no espectador, ao mesmo tempo trazendo um senso táctil e promovendo uma aproximação com um estilo de desenho/animação que se deleita em descrever espaços urbanos. A câmera como quase sempre – a exceção são os “panoramas”, e os travellings a partir de veículos em movimento – se encontra fixa a registrar os elementos imóveis e os móveis, estes últimos cruzando sua objetiva.  |Lumière. 50 segundos.

Filme do Dia: Chien Jouant à la Balle (1905), Alice Guy

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  C hien Jouant à la Balle (França, 1905). Direção: Alice Guy Esse filme que apresenta as peripécias de um homem, um cachorro e um balão curiosamente pouco se importa que seu cenário pintado ao fundo, evocativo de uma iconografia estilizada de Paris que logo se tornará lugar-comum no cinema, não exclusivamente francês, seja evidentemente percebido enquanto tal, pois a ilusão de profundidade proporcionada pela pintura acaba se desfazendo quando se percebe não apenas a sombra do balão sobre a mesma como o próprio choque do balão e do cachorro contra a pintura. Ainda que certas fontes apontem essa produção como sendo de 1905, tanto sua duração como sua temática eminentemente vaudevilliana o aproxima mais dos primeiros anos do século. Societé des Etablissements L. Gaumont. 1 minuto e 13 segundos.

Filme do Dia: Sham Battle at Pan American Exposition (1901)

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  S ham Battle at Pan American Exposition (EUA, 1901). No ultimo dia da Exposição Pan-Americana foi encenada essa batalha que reconstitui a luta de seis tribos norte-americanas contra o Exército. O caráter espetacular do evento tanto é evocativo do teatro melodramático contemporâneo quanto – e ainda mais – sugere uma antecipação das próprias batalhas que seriam reproduzidas pelo cinema posteriormente como as presentes nos filmes de Griffith, com um esmero de produção ainda impossível de ser seguido pelo cinema de então – para efeito comparativo basta se observar, por exemplo, filmes como Advance of Kansas Volunteers at Caloocan , do ano anterior. A grandiosidade do evento certamente foi responsável por uma montagem bastante além dos padrões habituais de então. No prólogo do filme ocorre uma parada dos índios montados em seus cavalos, o que não deixa de ser curioso, no sentido de que não são os cavaleiros que ganharam essa honra ou pelo menos se também o foram não se encontram represe

Filme do Dia: Skirmish with Boers near Kimberly (1900), Joe Rosenthal

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  S kirmish with Boers near Kimberly (Reino Unido, 1900). Fotografia: Joe Rosenthal Essa atualidade reconstituída compartilha, ou melhor, antecipa os mesmos protocolos que serão os do filme de perseguição de poucos anos após. Em seu primeiro e longo plano observa todo um grupo de soldados britânicos montados em seus cavalos até que se passe ao segundo, um recorte menor do primeiro. Dificilmente um espectador contemporâneo, de quase 120 anos após sua realização, dar-se-á conta que tal como naqueles aqui se trata de uma perseguição aos bôeres, se não ler a descrição de cada um dos quadros, pois não vemos o outro grupo em ação. No segundo quadro observamos um grupo apeando de seus cavalos e montando suas metralhadoras. Aliás, mesmo se observando a descrição de cada quadro, ainda parece pouco crível que o terceiro e último seja a descrição de um ataque. Warwick Trading Co. 1 minuto e 35 segundos.    

Filme do Dia: Execution of Czolgosz with Panorama of Auburn Prison (1901), Edwin S. Porter

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  E xecution of Czolgosz with Panorama of Auburn Prison (EUA, 1901). Direção: Edwin S. Porter. Essa dramatização da pena de morte do assassino do presidente americano MacKinley é precedido de uma lenta panorâmica documental que apresenta a prisão real onde ocorreu o evento. O choque entre as imagens documentais e a evidente encenação que se segue não parecia ser problemática à época e a própria natureza mista do filme se apresenta no seu título partilhado. Filmes que apresentavam execuções eram bastante comuns na época (por exemplo, o final de A História de um Crime ), muito deles produzidos igualmente por Edison (como The Execution of Mary, Queen   of Scots ). Edison Manufacturing Co. 4 minutos.

Filme do Dia: Opening the Williamsburg Bridge (1904), G.W. Bitzer

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  O pening the Williamsburg Bridge (EUA, 1904). Fotografia: G.W. Bitzer Flagrante da inauguração formal da famosa ponte, à época a maior ponte suspensa do mundo, e uma das que se tornaria marca registrada da cidade de Nova York, embora longe da fama da sua colega do Brooklyn. Do fllme não se pode deparar grande coisa. Uma tropa de policiais montados à cavalo se segue um pequeno grupo de jornalistas fotográficos e logo quase colados a esses vem a comitiva do prefeito da cidade. Um dos trunfos dessa produção, ao menos para o provável propósito ao qual se adequa, é efetuar uma muito discreta panorâmica à esquerda, fazendo como quase que por encanto deixemos de observar os coadjuvantes do ritual do poder à distância para observarmos a comitiva do prefeito e autoridades de forma bem mais próxima do reconhecimento. O prefeito em questão é Seth Low, que à época do lançamento desse já havia sido derrotado por George McClellan (que pode ser observado em ação no contemporâneo Annual Parade, Ne

Filme do Dia: Transport de la Cloche de l'Indépendence (1896), Gabriel Veyre

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  T ransport de la Cloche de l’Indépendence (França, 1896). Fotografia: Gabriel Veyre. Partindo de um ângulo perpendicular e um pouco mais elevado de onde se encontram os populares, típico da fotogenia das produções do estúdio, tem-se um registro de um trecho da procissão militar que carrega o sino da independência, certamente algo de uma mitologia vinculada a objetos que remetem à sua ascendência sagrada anterior, agora no campo dos rituais republicanos, que como a própria parada e sua assistência atestam, tampouco deixam de lembrar ritos religiosos. Compõe o conjunto de filmes que o operador Veyre efetuou no México e que hoje podem ser tidas como imagens fundacionais da nação mexicana no cinema. Número 346 do Catálogo do estúdio. Lumière. 55 segundos.  

Filme do Dia: A Madame com Desejos (1907), Alice Guy

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  A   Madame com Desejos  (Madame a des Envies , França, 1907). Direção: Alice Guy. Mulher grávida deseja tudo que encontra pelo caminha e não se escusa em simplesmente roubar o pirulito de uma criança ou o cachimbo de um vendedor.  Apesar do filme ser estruturado em planos abertos o suficiente para enquadrar o corpo inteiro dos atores, ocorre cortes abruptos para planos aproximados da protagonista degustando o que havia surrupiado, o que empresta um interessante senso rítmico à narrativa, acentuado pela igual variação da trilha musical que acompanha essa cópia em questão, como demonstra o quanto a montagem se encontrava distante dos princípios do cinema clássico. O caráter de escracho, mais elaborado e discreto que nas produções britânicas do início do século ou mesmo em produções francesas contemporâneas, encontra-se, por exemplo, na barriga propositalmente mal feita que simula a gravidez da personagem. Guy continuaria sua carreira nos EUA. Pathé Frères. 4 minutos.

Filme do Dia: Special Delivery Messenger, U.S.P.O. (1903), A.E. Weed

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  S pecial Delivery Messenger, U.S.P.O (EUA, 1903). Fotografia: A.E. Weed. Encenação de evidente viés documental sobre a chegada de uma carta ou telegrama que é entregue e assinada por uma senhora nesse que é um das dezenas de filmes financiados pelos Correios norte-americanos. Destaque para o recurso, apropriado à exaustão por certos realizadores vinculados ao cinema moderno, como Júlio Bressane no Brasil, do plano iniciar sem nenhum elemento humano e apenas a presença da fachada da casa, ser atravessado pelo carteiro com sua bicicleta e permanecer na fachada da casa após a saída dos dois personagens, elemento comum no cinema da época. American Mutuoscope & Biograph. 40 segundos.

Filme do Dia: Burial of the 'Maine' Victims (1898), William C. Paley

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  B urial of the 'Maine' Victims (EUA, 1898). Fotografia: William C. Paley. Registro do cortejo fúnebre das vítimas do navio Maine, estopim para a Guerra Hispano-America que provocou grande comoção nacional nos Estados Unidos. Talvez o que mais chame atenção no plano da imagem seja a relativa simplicidade e falta de pompa do cortejo com coches abertos e os caixões expostos que circula por uma rua humilde. Como era prática comum à época, ao tomar a perspectiva do público que assiste o cortejo em um plano único e sem movimento, o cinegrafista não permite que se tenha uma idéia do público presente. Pelo catálogo da companhia se tem notícia que o evento ocorreu em Key West, na Flórida. Há uma dimensão de ambigüidade no comentário do catálogo que deixa espaço a indagações – “a cena é reproduzida como de fato ocorreu” – sobre se trataria de uma reencenação, porém que mais parece configurar a autenticidade do realismo do novo meio. Edison Manufacturing Co. 1 minuto e 53 segundos.

Filme do Dia: Coney Island at Night (1905), Edwin S. Porter

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  C oney Island at Night (EUA, 1905). Direção: Edwin S. Porter. Filmagem noturna que pretende valorizar a iluminação do monumental e gigantesco Luna Park, célebre atração local que já havia sido motivo, inclusive, para investidas com encenações que buscavam chamar a realidade do ambiente do parque para o seu universo de pretenso humor, em Rube and Mandy at Coney Island , de dois anos antes. Aqui, Porter faz uso do “panorama”, no caso em questão   proporcionadas por panorâmicas horozontais e verticais do equipamento urbano que forma o parque. No último dos “panoramas” se dstaca em detalhe, com a câmera subindo e descendo, o prédio mais alto e vistoso do complexo, em imagens que mais se assemelham a um culto fálico. Porter era mestre no gênero e nada do que fez depois nele talvez se compare a seu Panorama of Esplanade by Night (1901), seguindo o mesmo principio. Edison Manufacturing Co. 4 minutos.

Filme do Dia: Par le Trou de la Serrure (1901), Ferdinand Zecca

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  P ar le Trou de la Serrure (França, 1901). Direção Ferdinand Zecca. Voyeurismo e cinema são quase sinônimos, seja como metáfora (o ato expectatorial diante de uma obra que não acusa a existência de uma assistência), dispositivo de exibição (sobretudo no caso do quinetoscópio de Edison, observado individualmente) ou enredos mesmo, como é o caso em questão, a simular um homem a observar os arranjos de uma mulher pelo buraco da fechadura. Desnecessário se imaginar o ângulo ideal de observação e a generosidade da fechadura, emulada por uma máscara na imagem. A mulher se maquia, solta o cabelo. Em outro quarto, o homem, um faxineiro de uma provável pensão feminina, observa uma mulher de mais idade que a primeira, tirar um enchimento do corpete (a dimensão erótica está muito associada a estas produções, embora curiosamente na figura da mulher mais velha e não da jovem), os cílios   e tomar sua medicação. Como já se parecia adivinhar, a segunda “mulher” também tira a peruca, demonstrand

Filme do Dia: Panoramic View of Newport (1900), James H. White

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P anoramic View of Newport (EUA, 1900). Fotografia: James H. White. Na verdade se trata menos de uma visao panorâmica de Newport, como afirma o título, do que uma longa cena na qual se percebe a movimentação extraordinária (devido a câmera os filmando?) de homens no convés de um barco. As poucas edificações da cidade ficam tão ao fundo e esparsas que tampouco condizem com o prometido pelo título. Cumpre ressaltar que o título o aproxima dos “panoramas”, um dos gêneros favoritos da época, ainda que aqui se tenha menos um movimento panorâmico da câmera, tal como habitualmente no gênero, que um travelling a partir de um barco. Edison Manufacturing Co. 1 minuto e 15 segundos.

Filme do Dia: O Solar Enfeitiçado (1906), Segundo de Chomón

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  O Solar Enfeitiçado ( La Maison Ensorcelée , França, 1906). Direção, Rot. Original e Fotografia: Segundo de Chomón. Numa noite de tempestade, um trio se refugia numa casa abandonada e que logo também demonstra ser assustada. Esse fiapo de argumento conduz ao universo do fantástico, já bastante temporão no momento de sua realização, seja na Europa, seja na América. Eles testemunham de tudo um pouco, roupas que se movem sozinhas, um quadro que se transforma em algo vivo, a casa que chacoalha e neva e fogos que voam pelo ar, assim como talheres e utensílios de café da manhã que servem sozinhos. No momento em que a mesa é servida por si só, nossos heróis desistem de lutar contra os feitiços e procuram tirar partido dele, porém logo situações menos cômodas se seguirão. Torna-se interessante, retrospectivamente, por sua observação de como o fantástico logo se torna “domesticado” por quem o testemunha, numa referência que bem caberia ao próprio espectador, assim como por trazer uma referê

Filme do Dia: Boat Race (1903), G.W. Bitzer & Wallace McCutcheon

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  B oat Race (EUA, 1903). Fotografia G.W. Bitzer & Wallace McCutcheon. Registro de uma corrida entre duas equipes de canoagem. Em vários momentos a câmera, acaba perdendo do enquadramento uma das canoas e, por um breve momento, até mesmo as duas, à guisa de exibir um navio de guerra que se encontra ancorado em determinado trecho do percurso (seu final? Ou apenas o final do filme?). American Mutoscope & Biograph.1 minuto e 42 segundos.