Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Poesia Grega

Muros

Sem piedade e sem pudor, sem dó e sem cuidado à minha volta espessos muros tão altos quem teceu? E eis­‑me agora aqui na sorte a que fui dado, em mais não penso: não me sai da ideia o que aconteceu. Lá fora há tanto que fazer - tudo ruído! E, se estes muros construíram, porque não dei por tal? Não ouvi de pedreiro nem voz nem ruído   E sem saber fiquei fechado, sem vista e sem portal. Konstantinos Kaváfis

Quanto Puderes

Mesmo que não possas fazer a vida como a queres, isto ao menos tenta quanto puderes: não a desbarates nos muitos contactos do mundo, na agitação e nas conversas. Não a desbarates arrastando­‑a, e mudando­‑a e expondo­‑a ao quotidiano absurdo das relações e das companhias até se tornar um estranho importuno. Konstantinos Kaváfis

Lembra, Corpo...

Corpo, lembra não só o quanto foste amado, não só os leitos em que deitaste, mas também os desejos que por ti brilhavam nos olhos, claros, e tremiam na voz – e alguma barreira do acaso os frustrou. Agora que tudo já é passado, parece que àqueles desejos também te entregaste - como brilhavam, lembra, nos olhos que te fitavam; como tremiam na voz, por ti, lembra, corpo. Konstantinos Kaváfis

Desejos

Como belos corpos de mortos que não envelheceram e foram encerrados, com lágrimas, em magnífico mausoléu, com rosas nas cabeças e jasmins nos pés – assim se lhes assemelham os desejos que passaram sem se realizar, sem que nenhum alcançasse uma noite de prazer, ou sua manhã luminosa. Konstantinos Kaváfis