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Mostrando postagens com o rótulo Cinema Português

Filme do Dia: A Noiva (2007), Ana Almeida

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  A   Noiva (Portugal, 2007). Direção: Ana Almeida. Rot. Original: José Pedro Lopes. Fotografia Jorge Quintela. Música Don Cleary. Montagem Ana Almeida. Com Jose David Coimbra, Bárbara Magal, Joana Pauperio, Ana Luisa Santos, Rodrigo Santos. Sofrível curta que pretende abraçar os protocolos do suspense mas a qual, dada a sua curta extensão e provável inexperiência de seus realizadores, comete um erro fatal para qualquer tentativa promissora de mínima efetividade, a falta de senso de ritmo. Um casal jovem resolve se encontrar nas ruínas do que seria uma antiga mansão e acabam sendo vítimas de uma aparição fantasmática. E as mortes ainda podem ser vinculadas a culpa sexual pela “traição” da garota ao seu namorado, já que está se encontrando com um outro rapaz. A falta de propósito e da habilidade mínima de se narrar uma história são o que mais saltam a vista. Anexo 82 Prod./Zinemania Filmes.  6 minutos e 57 segundos.

Filme do Dia: Domingo à Tarde (1965), António de Macedo

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  D omingo à Tarde (Portugal, 1965). Direção: António de Macedo. Rot. Adaptado: António de Macedo, a partir do romance de Fernando Namora. Fotografia: Elso Roque. Montagem: António de Macedo. Com: Isabel de Castro, Ruy de Carvalho, Isabel Ruth, Alexandre Passos, Constança Navarro, Fernanda Esmeralda, Fernanda Borsatti, Fernanda de Figueiredo. Jorge (Carvalho), introspectivo e pouco comunicativo, envolve-se emocionalmente com uma paciente sua, Clarisse (Castro), que se encontra em estado terminal de leucemia. Apesar de seus esforços, Clarisse segue o mesmo destino reservado a maior parte dos pacientes de Jorge. Com a mesma bossa distanciada e fria que seus créditos finais assomam, criando imagens assimétricas entre o branco e o preto básicos, este filme apresenta da forma mais desapaixonadamente antisentimental o seu caso de amor algo desesperado. E a continuidade da vida após o fim irremediável dele. O gesto do personagem vivido pelo longevo ator Ruy de Carvalho, é o mesmo (cabeça

Filme do Dia: Vai e Vem (2003), João César Monteiro

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  V ai e Vem (Portugal/França, 2003). Direção e Rot. Original: João César Monteiro. Fotografia: Mário Barroso. Montagem: João Nicolau & Renata Sancho. Dir. de arte: José Manuel Castanheira. Figurinos: Isabel Branco & Lucha D´Orey. Com: João César Monteiro, Rita Pereira Marques, Joaquina Chicau, Manuela de Freitas, Lígia Soares, José Mora Ramos, Rita Durão, Maria do Carmo Rôlo, Miguel Borges. João Vuvu (Monteiro) é um velho viúvo aposentado que passa o tempo a se deslocar de ônibus por Lisboa, e que tem obsessão por jovens do sexo feminino. Pondo anúncios em jornal atrás de empregadas dentro desse perfil, ele acaba recebendo Jacinta (Durão), ao mesmo tempo reencontrando uma antiga companheira de libertinagens, a quem prega alguns conselhos de como agir caso seja sexualmente assediada no parlamento português e sentindo-se fortemente atraído pela jovem e bela policial Bárbara (Rôlo), entre outras. Afasta-se do filho, Jorge (Borges), recém-saído da prisão, quando descobre que ele

Filme do Dia: A Dança dos Paroxismos (1929), Jorge Brum do Canto

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  A   Dança dos Paroxismos (Portugal, 1929). Direção, Rot. Original e Montagem: Jorge Brum do Canto. Fotografia: Manuel Luís Vieira. Com: Machado Correia, Jorge Brum do Canto, Maria de Castro, Maria Emília Vilas, Maria Manuela Varela. Cavalgando há dois dias rumo ao Reino Encantado no qual desposará uma princesa, Galeswithe (Varela) o cavaleiro (Brum do Canto) é acudido por um grupo de camponesas. Ele segue sua jornada, tendo sido alertado para ter cuidado quando atravessasse Elfland, a terra dos elfos. Lá proseia com Banschi (Castro) e é convidado a dançar pelas sílfides, convite que declina. O convite embute várias promessas, para que permaneça no seu reino. Esse não cede a seus encantos e parte, logo a seguir vendo uma imagem de ninguém menos que Galeswithe, que se afirma já ter morrido. Bem mais comedido em suas experimentações formais que a maior parte dos filmes da vanguarda francesa que lhe inspirou – o filme é dedicado a Marcel L’Herbier, embora talvez seja mais próximo, es

Filme do Dia: Mahjong (2013), João Rui Guerra & João Pedro Rodrigues

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  M ahjong (Portugal, 2013). Direção& Rot. Original: João Rui Guerra da Mata & João Pedro Rodrigues. Fotografia: José Magro. Música: Luís Fernandes. Montagem: Mariana Galvão. Com: João Rui Guerra da Mata, João Pedro Rodrigues, Anne Pham. Um detetive (Guerra da Mata) buscando por uma mulher em locais desertos pela madrugada. Em Varziela, território dominado pelos chineses e onde houve um incêndio e vários crimes recentemente.   Ele consegue uma medalha. Vê uma oriental (Pham) em vários locais e a segue. Seu melhor amigo (Rodrigues), afirma que ele não pretende de fato buscar a mulher e o engana. Marcam então um duelo. Um deles morre. Mesclando rigor formal a arquétipos do cinema noir esse curta parece quase o sucedâneo de outras investidas pós-modernas que já apontavam para a inocuidade e o excessivo formalismo como Wenders ( O Amigo Americano ). Com o primeiro “diálogo” se dando cerca de um quarto do filme iniciado, move-se a câmera apenas quando os personagens se encontr

Filme do Dia: Tarrafal: Memórias do Campo da Morte Lenta (2010), Diana Andringa

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  T arrafal: Memórias do Campo da Morte Lenta (Portugal, 2010). Direção: Diana Andringa. Fotografia: João Ribeiro. Montagem: Cláudia Silvestre. Os depoimentos memorialísticos sobre a tortura e aprisionamento sofridos no passado, que já havia ganho destaque em As Duas Faces da Guerra , de três anos antes, aqui ganham um protagonismo ainda bem maior. E, como naquele, parte-se de uma lista de nomes de pessoas vítimas dos governos autoritários – lá um monumento hoje sobrevivendo em estado de grande degradação em meio ao mato, aqui uma lista posta em um museu, onde alguns dos sobreviventes às torturas e ao tempo se reconhecem, assim como as fotos. Trata-se de um campo de prisioneiros, ou de concentração, como também era conhecido, de Tarrafal, em Cabo Verde, para onde eram enviados presos políticos considerados indesajáveis à ditadura portuguesa. Observa-se, em idade avançada, a visitarem o próprio museu onde há uma exposição (permanente?) sobre eles próprios, com fotos grandes na parede,

Filme do Dia: O Homem dos Olhos Tortos (1918), José Leitão de Barros

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  O   Homem dos Olhos Tortos (Portugal, 1918). Direção: José Leitão de Barros. Rot. Adaptado: Reinaldo Ferreira, a partir de sua própria obra, O Mistério da Rua Saraiva de Carvalho . Fotografia: Manuel Maria da Costa Veiga. Dir. de arte: Reinaldo Ferreira. Com: António Sarmento, Raul de Oliveira, Raquel Barros, Álvaro Pereira, Casimiro Tristão, Humberto Miranda, Alda de Aguiar. Goés (Sarmento) se encontra na cola, com seu assistente Gafanhoto (Oliveira), do desmascaramento do espião de guerra, conhecido como Homem dos Olhos Tortos (Pereira), que enganou uma fina dama da sociedade, Margarida (Aguiar) e pretende entregar informações secretas à Alemanha. Jamais saberemos se possuiria a mesma eficácia narrativa dos thrillers pioneiros envolvendo situações rocambolescas, espionagem e crimes como as contemporâneas alemãs (a exemplo de Lang), no qual esse filme provavelmente se inspirou. Provavelmente não. Mas o que restou desse material de filmagem de uma produção não concluída, arranja

Filme do Dia: Vitalina Varela (2019), Pedro Costa

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  V italina Varela (Portugal, 2019). Direção: Pedro Costa. Rot. Original: Pedro Costa & Vitalina Varela. Fotografia: Leonardo Simões. Montagem: Vitor Carvalho & João Dias. Com: Vitalina Varela, Ventura, Manuel Tavares de Almeida, Francisco Brito, Marina Alves Domingues, Imídio Monteiro. Vitalina (Varela) é uma cabo-verdiana que retorna a Portugal após a morte de seu marido, sem chegar a tempo de encontrar com seu cadáver, e que possui uma relação ambígua com o legado que ele lhe deixou de lembranças, incluindo traições e uma vida ilícita que ela desconhecia. Vitalina se aproxima de um padre (Ventura), que teve contato com o marido nos últimos tempos. Radicalizando ainda mais a proposta estética e dramatúrgica dos tempos de obras densas como No Quarto da Vanda , Costa retorna em sua trilogia a trabalhar com atores naturais cabo-verdianos (alguns deles já veteranos em sua filmografia, como Ventura) com impressionantes efeitos. Ao contrário de sua produção anterior, em que se

Filme do Dia: Visões do Império (2020), Joana Pontes

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  V isões do Império (Portugal, 2020). Direção Joana Pontes. Rot. Original Joana Pontes, Miguel Bandeira Jerónimo & Filipa Lowndes Vicente. A imagem inicial que apresenta uma exorbitante quantidade de publicações, fotos e outros documentos que remetem aos tempos do Império português na África, já bem sintetiza o que nos aguarda. Seguidas visitas, inicialmente a feiras públicas e colecionadores, depois a toda sorte de arquivos públicos do país, que trazem ilustrações da época. E que são comentadas, via de regra, por especialistas. Sobretudo os dois que colaboraram no roteiro. Em alguns momentos pela própria realizadora, da qual somente temos acesso a voz. E ao passear por tantos temas vinculados ao regime, que a fotografia teve algum protagonismo (a inexistência de ocupação territorial efetiva x imagens que passavam a segurança de um oficial português de seus subordinados africanos, a exploração do corpo feminino anônimo das nativas x o tratamento visual que é expresso às coloni

Filme do Dia: Ala-Arriba (1942), José Leitão de Barros

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  A la-Arriba! (Portugal, 1942). Direção: José Leitão de Barros. Rot. Adaptado: Alfredo Cortez, baseado nos poemas de Augusto de Santa-Rita. Fotografia: Octávio Bobone, Tavares da Fonseca & Salazar Dinis. Música: Ruy Coelho. Montagem: Jacques Saint-Leonard. Cenografia: Raul Faria da Fonseca & Leite Rosa. Com: João Moço, Elsa Bea-Flor,  Luís Pinto, Ilídio Rocha Silvestre, Maria Olguim, Nicolau, Madalena Vilaça. Numa aldeia de pescadores, a jovem Julha (Bea-Flor), filha do velho pescador de alto-mar Ti Saramago (Silvestre)   se encontra apaixonada pelo sardinheiro João Moço (Moço), considerado de categoria inferior. Seu noivado é oficializado. Um jovem também deseja Julha e acaba flagrando João Moço nos braços de uma cigana (Vilaça). Ele arranja testemunhas e logo João Moço cai em desgraça, sendo expulso de casa pelo pai e destituído da pesca em alto-mar por seu ex-futuro sogro.   Julha não dessiste de seu amor. O pároco local (Pinto) lhe dá animo para continuar a viver e lutar

Filme do Dia: As Pinturas do Meu Irmão Júlio (1965), Manoel de Oliveira

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  A s Pinturas do Meu Irmão Júlio (Portugal, 1965). Direção, Fotografia e Montagem: Manoel de Oliveira. Rot. Original: Manoel de Oliveira & José Régio. Música: Carlos Paredes. Ao contrário de outra incursão sua que faz referência à pintura ( O Pintor e a Cidade ) nesse também filme curto,  Oliveira abraça de forma mais ortodoxa às convenções dos documentários sobre arte e, embora possua uma locução over , ao contrário da produção da década anterior, após algum tempo como que se liberta dessa e parece se contentar com o próprio universo pictórico das obras do irmão, passeando com a câmera sobre elas e acompanhado de temas musicais instrumentais ao violão, de viés tradicional. Motivos aparentemente vinculados à noite, boemia, bebida, prostituição, dança e música emergem de seus quadros e o filme pretende evocar, seja o movimento das ondas em um quadro que apresenta um pescador em um barco, seja a dança em meio a boemia. Ou motivos populares outros, como o quadro que escolhe para en

Filme do Dia: Lisboetas (2004), Sérgio Tréfaut

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  L isboetas (Portugal, 2004). Direção: Sérgio Tréfaut. Fotografia: João Ribeiro. Montagem: Pedro Marques. Incursão panorâmica sobre os anseios, misérias, expectativas e percepção sobre o país, nos grupos mais distintos de estrangeiros residentes em Portugal, onda migratória que cresce exorbitantemente a partir da década de 1990, com o contexto econômico favorável do país. A pergunta subliminar que o filme encoraja diz respeito a se tais emigrantes se amoldarão à cultura portuguesa ou irão construir um novo Portugal. O retrato final, que parece se incorporar a um certo tom pessimista com relação à globalização, frisa antes de tudo a inadaptação e a miséria desses pretendentes a serem cidadãos portugueses, oriundos sobretudo do Leste Europeu. Quase sempre o filme opta pelo estilo da “câmera invisível”, do Cinema Direto. Faux. 100 minutos.

Filme do Dia: Maria do Mar (1930), José Leitão de Barros

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  M aria do Mar (Portugal, 1930). Direção: José Leitão de Barros. Rot. Original: José Leitão de Barros & António Lopes Ribeiro. Fotografia: Salazar Dinis & Manuel Luís Vieira.  Montagem: José Leitão de Barros. Com: Rosa Maria, Oliveira Martins, Adelina Abranches, Alves da Cunha, Perpétua dos Santos, Horta e Costa, Maria Leo, António Duarte. Maria (Maria) é filha do capitão de barco de pesca Falacha (da Cunha) que fica malvisto no povoado após um naufrágio em tempo ruim matar todos os pescadores com exceção dele próprio. Maria apaixona-se, no entanto, por Manuel (Martins), filho de Aurélia (Abranches). Quando casam as escondidas e depois vão buscar abrigo em casa das respectivas famílias, não são aceitos. Conseguem um lugar para viver e tem uma filha, que vem a ser atacada por um cão raivoso. O medo que a criança morra faz com que as famílias de ambos deixem de lado suas diferenças. Se é fato que sua tênue linha narrativa se vê algo contemplada ao final do filme, pode-se afi

Filme do Dia: O Faroleiro da Torre de Bugia (1922), Maurice Mariaud

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  O  Faroleiro da Torre de Bugia (Portugal, 1922). Direção e Rot. Original: Maurice Mariaud. Com: Maurice Mariaud, Castro Neves, Abegaida de Almeida, A. Castro Neves, Maria Sampaio, Sofía Santos .  Rosa (Almeida), após a morte do pai pescador no mar, torna-se motivo dos cuidados do primo mais velho João Vidal (Mariaud), e sua irmã Maria Ana (Sampaio). Vidal desenvolve um extremo zelo pela moça que logo se descobre amor e pretende se casar com ela. Não sabe, porém, que ela já era alvo dos interesses do impulsivo Antonio Gaspar (Castro Neves), a quem rejeita e, revoltado com sua recusa, a joga do alto do penhasco. Com Rosa, todas as suspeitas se voltam contra Gaspar que, por motivos de trabalho, sendo colega de profissão de Vidal, viaja com ele ao farol, numa ilha deserta. Lá, a disputa acirrada, motivada pelo ódio mútuo, findará em tragédia. Tradicionalmente são os histrionismos femininos os mais lembrados nos dramas mudos, mas aqui quem parece roubar o protagonismo nesse sentido são os

Filme do Dia: O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu (2016), João Botelho

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O   Cinema, Manoel de Oliveira e Eu (Portugal, 2016). Direção e Rot. Original: João Botelho. Fotografia: João Ribeiro. Música: Nicholas McNair. Montagem: João Braz. Com: Mariana Dias, Miguel Nunes, Antônio Durães, Ângela Marques, Maria João Pinho, Leonor Silveira, Marcelo Urgeghe. A partir de uma foto do começo dos anos 80 tirada do momento de seus primeiros contatos com Manoel de Oliveira, Botelho faz uma apreciação do estilo do realizador através das várias décadas de sua produção. Observa-se ele se deter, por exemplo, na resposta de Oliveira ao plano/contraplano filmando um longo plano em que um ator dirige seu discurso a uma mulher fora do plano, que ocasionalmente reage a sua fala e depois se observa novamente todo o diálogo observando a mulher a quem ele se dirigia. Ou ainda o garoto que se apossa de uma boneca para aparecer à janela da menina por quem se encontra apaixonado e após furtar-lhe um beijo despenca telhado abaixo. As duas sequencias sintetizam, no primeiro, o in

Filme do Dia: Nha Fala (2002), Flora Gomes

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N h a Fala (Portugal/França, 2002). Direção: Flora Gomes. Rot. Original: Flora Gomes & Franck Moisnard. Fotografia: Edgar Moura. Música: Manu Dibango.  Montagem: Dominique Pâris. Dir. de arte e Cenografia: Véronique Sacrez. Figurinos: Rosário Moreira & Virginia Vogwill. Com: Fatou N’Diaye, Jean-Christophe Dollé, Ângelo Torres, Bia Gomes, Jorge Quintino Biague, Carlos Imbombo, François Hadji-Lazaro, Danièle Evenou. Vita (N’Diaye) é uma jovem guineense que recebeu uma bolsa de estudos para Paris, não quer mais nada com o namorado Yano (Torres) e recebeu o aviso da mãe (Gomes) que reza a tradição da família que quem cantar morrerá. Em Paris Vita se enamora do produtor de discos e musicólogo Pierre (Dollé), e sua canção se torna um dos maiores sucessos europeus, rendendo-lhe muitos ganhos financeiros. Vita, no entanto, decide que é hora de voltar para sua terra, morrer, para conseguir renascer sem mais a ameaça da tradição. Gomes, na chave leve de um musical – dir-se-ia que

Filme do Dia: Body Rice (2006), Hugo Vieira da Silva

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B ody Rice (Portugal, 2006). Direção e Rot. Original: Hugo Vieira da Silva. Fotografia: Paulo Ares. Montagem: Paulo Milhomens. Figurinos: Maria Gambina. Com: Sylta Fee Wegmann, Alice Dwyer, André Hennickle, Luís Guerra, Julika Jenkins, Pedro Hestnes, Luis Soveral. Nesse filme que tem como mote uma  jovem alemã, Katrin (Wegmann) que é enviada para o sul de Portugal  para um programa de “reeducação” e acaba se envolvendo com jovens portugueses Julia e (Dwyer) e Pedro (Guerra), igualmente viciados em drogas, vivendo de pequenos furtos e raves em meio a imensidão deserta do Alentejo,  o que menos importa é a trama por si própria. Merece muito mais atenção a rara habilidade do realizador de conseguir traduzir todo o hedonismo suicida dos personagens (metáforas de boa parte de uma geração) através muito menos de diálogos que de três atributos bastante caros ao cinema: imagem, montagem e som. Ao optar por tal estratégia, Silva, em seu longa de estréia, não apenas consegue se aproximar mais

Filme do Dia: O Corpo de Afonso (2012), João Pedro Rodrigues

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O   Corpo de Afonso (Portugal, 2012). Direção e Rot. Original: João Pedro Rodrigues. Fotografia: Lucas Álvarez. Montagem: Mariana Galvão. Curta-metragem em que, através de anúncios, o cineasta chegou a um grupo de homens os quais ele pede que leiam textos históricos que remetem ao primeiro rei de Portual, Dom Afonso Henriques. Aos poucos, Rodrigues passa a “se interessar” pelos próprios corpos que se apresentam tensos, posados ou a espera de uma ordem do realizador, ou seja subordinados, diante de si e investiga sobre as marcas deixadas nos mesmos,   voluntárias ou não, provocadas por cicatrizes e, posteriormente, tatuagens. Embora o corpo “também fale” por si, Rodrigues acrescenta as imagens (por exemplo, das tatuagens e das cicatrizes) o áudio em que os donos desses traçam o sentido e a arqueologia das mesmas. Posteriormente, retorna a Dom Afonso e pede, por exemplo, que manipulem a espada que seria algo como uma réplica da utilizada por aquele. Os homens se postam diante de um chr

Filme do Dia: A Arca do Éden (2011), Marcelo Felix

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A   Arca do Éden (Portugal/Brasil/Itália, 2011). Direção e Rot. Original: Marcelo Felix. Fotografia: Miguel Amaral. Montagem: Marcelo Felix. Esse ensaio que consegue traçar, mesmo que um tanto livremente, uma analogia entre uma perspectiva algo apocalíptica de futuro e o cinema enquanto veículo capaz   de preservar, de forma utópica   e sofrivelmente, toda a memória do mundo, possui reflexões bastante aguçadas sobre a própria questão da memória e sobre a necessidade vital de esquecer que compõe o humano, assim como da nossa ancoragem necessária sobre incontáveis memórias-vidas já vividas, ao mesmo tempo acaba sendo prejudicado por tornar muitas vezes prescindível o material imagético que acompanha muito de sua narração do início ao final. Ou seja, tem-se a impressão, por vezes, que igualmente bem funcionaria enquanto peça escrita, por mais tocantes e sensíveis que sejam muitas de suas imagens. E talvez ainda complique um pouco mais o fato de fazer uso de estratégias ocasionais de fi

Filme do Dia: Cartas da Guerra (2016), Ivo Ferreira

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C artas da Guerra (Portugal, 2016). Direção: Ivo Ferreira. Rot. Adaptado: Ivo Ferreira & Edgar Medina, a partir do romance de António Lobo Antunes. Fotografia: João Ribeiro. Montagem: Sandro Aguilar. Dir. de arte & Cenografia: Nuno Mello. Figurinos: Lucha d’Orey. Com: Miguel Nunes, Margarida Vila-Nova, Ricardo Pereira, João Pedro Vaz, Isac Graça, Francisco Hestnes, João Pedro Mamede, Tiago Aldeia. António (Nunes) é um jovem médico e aspirante a escritor que permanece entre 1971 e 1973 em Angola, servindo na guerra de Portugal contra sua colônia africana, distante de sua amada esposa, Maria José (Vila-Nova), a quem manda cartas que expressam sua paixão, melancolia, tédio, observações triviais e um momento de pura emoção, quando fica sabendo do nascimento da filha. António tenta se afeiçoar a uma menina africana que teve os pais mortos no conflito, porém a relação, que se encaminha para algo como talvez a adoção dela, é bruscamente interrompida pela chegada de seu avô, qu