The Film Handbook#168: Fred Wiseman

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Fred Wiseman
Nascimento: 01/01/1930, Boston, Massachussets, EUA
Carreira (como diretor): 1966-

Um expoente de peso do "cinema direto", Frederick Wiseman se diferencia de figuras como Pennebaker e dos Irmãos Maysles no uso do documentário não para retratar indivíduos mas para uma portentosa investigação  sócio-política de instituições americanas específicas. Se o tom desapaixonado de muito de seu trabalho sugere uma pouco explícita relutância liberal de tomar partido ao analisar, não há como condenar sua habilidade para evocar um contexto social mais amplo através de incansáveis observações íntimas do comportamento humano.

Educado em Yale e Harvard, Wiseman trabalhou por alguns anos como advogado antes de revelar seu interesse pelo cinema como produtor de The Cool World, de Shirley Clarke. Sua própria estréia na direção, Titicut Follies (sobre o tratamento de internos em um manicômio judicial) introduziu os elementos fundamentais de seu estilo: fotografia em p&b, câmera na mão e ausência de música ou comentário, e uma tentativa de observar os eventos de uma multiplicidade de ângulos morais. Ao mesmo tempo, no entanto, Wiseman  cautelosamente nega qualquer reivindicação de objetividade ao chamar seus filmes de "ficções da realidade" e enfatizar o fato que a organização estrutural (através da montagem) do enorme montante  de metragem filmada serve para indicar seu próprio ponto de vista pessoal. Seja como for, ao evitar o didatismo fácil, sua melhor obra pinta um retrato complexo de opressivos trabalhos de burocracia: em High School, o modelo padrão educacional é apresentado como uma fábrica dedicada à produção em massa de seres humanos inteiramente conformistas; em Law and Order>1, confronta o racismo no coração de Kansas City ao expor a brutalidade policial; Hospital culpa não o corpo médico mas o sistema burocrático que favorece os ricos e negligencia os pobres; e Basic Training>2, observando o processo de doutrinação militar praticado em Fort Knox, sutilmente torna-se mais simpático aos soldados que falham em se formar.

Enquanto a carreira de Wiseman progredia, ele ia mais longe em sua tentativa de registrar uma inteira história natural da vida americana; se Juvenile Court e Welfare (no qual  ambos, requerentes e assistentes sociais são observados como vítimas da sociedade que viceja na opressão e humilhação aos pobres) não apresentam grande avanço em relação a sua obra anterior, Essene foi uma narrativa sobre a vida monástica e Primate>3 uma lancinante e visualmente explícita acusação de modos de pesquisa científica que dependem de maus tratos e vivissecção de animais. Após o semelhantemente polêmico Meat, no entanto, Wiseman se aventurou no exterior para observar o imperialismo americano em atividade em Canal ZoneSinai Field Mission e Manouevre; porém sua ausência de análise significou que questões políticas complexas foram grandemente ausentes, enquanto Model (sobre o mundo da moda em Nova York) nunca se refere a temas como o sexismo, voyeurismo e exploração, centrais para seus objetos.

Ainda que os filmes de Wiseman, exaustivos em termos tanto de detalhes quanto de duração, dirijam-se a fascinantes registros sociológicos, sua ausência de uma dimensão analítica (enquanto oposta a descritiva) é, no final de contas, limitante; embora seu compromisso com a observação detalhada garanta uma imediaticidade rara, também pode se tornar presa da inconsequência.

Cronologia
Os métodos de Wiseman alinham-no com Pennebaker, Richard Leacock e Albert e David Maysles, mas seu duradouro interesse nas instituições americanas ecoa a obra mais subjetiva (e analítica) de figuras como Emile De Antonio e Allan Francovich. 

Leituras Futuras
Frederick Wiseman (Nova York, 1976), de Thomas R. Watkins, Nonfiction Film (Nova York, 1973), de Meran Barsam

Destaques
1. Law and Order, EUA, 1969

2. Basic Training, EUA, 1971

3. Primate, EUA, 1974

Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman, 1989, pp. 320-1.

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