Filme do Dia: Pandora (1951), Albert Lewin

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Pandora (Pandora and the Flying Dutchman, Reino Unido, 1951). Direção e Rot. Original: Albert Lewin. Fotografia: Jack Cardiff. Música: Alan Rawsthorne. Montagem: Ralph Kemplen & Clive Donner. Dir. de arte: John Bryan. Cenografia: John Hawkesworth. Figurinos: Beatrice Dawson. Com:  James Mason, Ava Gardner, Nigel Patrick, Harold Warrender, Mario Cabré, Sheila Sim, Marius Goring, John Laurie.
No pequeno porto espanhol de Esperanza, a bela Pandora Reynolds (Gardner) torna-se objeto de paixão de três homens: o automobilista Stephen Cameron (Patrick), o toureiro Juan Montalvo (Cabré) e o estranho capitão holandês de um veleiro, Hendrik (Mason). Mesmo que tenha flertado anteriormente com Montalvo, Pandora parece disposta a casar com Cameron. Porém, Hendrik exerce nela um fascínio quase hipnótico, já que quando se encontra com ele, parece reviver momentos anteriores de sua vida em outra época. Hendrik, na verdade, é um atormentado e imortal cavaleiro que somente conseguirá descansar se conseguir encontrar uma mulher que esteja disposta a se sacrificar por ele. Montalvo, ao descobrir que o verdadeiro objeto do amor de Pandora não é Cameron, mas Hendrik, vai em sua casa e o apunhala, acreditando tê-lo morto. Quando, no dia seguinte, o percebe vivo na tourada, distrai-se e se torna alvo fácil de um touro que o mata.  Pandora segue o seu inelutável destino, unindo-se a Hendrik e com ele vindo a falecer numa tempestade.
Ainda mais do que em seu mais lembrado O Retrato de Dorian Gray (1945), Lewin  consegue construir uma atmosfera magistral, traduzindo em tom hipnótico, anti-realista e atemporal o mito do amor através dos tempos. O fato  da reduzida obra de Lewin (apenas seis filmes em 15 anos) ser pouco reconhecida mesmo nos dias de hoje provavelmente se dá por se confundir  temas grandiloquentes e fantásticos com o tratamento relativamente comedido que tal material recebe em suas mãos – de fato, se a narrativa teria tudo para produzir um melodrama rasgado, o tom conseguido por Lewin vai em direção contrária, com a soberba atuação de Mason próxima de um zumbi, e com a beleza diáfana de Gardner com uma máscara facial que pouco se transforma ao longo do filme;  certamente tal produção deve ter sido referência para que Mankiewicz buscasse a atriz para uma investida semelhante, embora em estilo diverso e abertamente melodramático, no mais conhecido e de longe mais fraco A Condessa Descalça (1954). E é justamente o casamento entre tema melodramático e contenção estilística, tanto em termos de utilização da música ou interpretação dos atores, assim como no trabalho da câmera que provocam o efeito de estranhamento fundamental para sua atmosfera  de fábula anti-realista e atemporal. Seu uso da recorrência do comportamento humano ou de uma “memória instintiva” que transcende a história e os contextos específicos parece antecipar, de modo menos árido e auto-consciente, preocupações que se tornariam tema de um cinema abertamente mais intelectual produzido alguns anos após, como o de Resnais. Destaque para a relativamente longa seqüência em que Hendrik toma contato com sua própria lenda, ocorrida no século XVI, e a acompanhamos através de imagens, sendo uma narrativa dentro de outra, já que tudo é contado por um dos personagens secundários. Dorkay Prod./Romulus Film para MGM. 122 minutos


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