Filme do Dia: The Beatles: Eight Days a Week - The Touring Years (2016), Ron Howard

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The Beatles: Eight Days a Week – The Touring Years (EUA, 2016). Direção: Ron Howard. Rot. Original: Mark Monroe. Fotografia: Caleb Deschanel, Tim Suhrsted, Michael Wood & Jessica Young. Música: Rik Markmann, Dan Pinnella & Chris Wagner.

Da explosão da beatlemania aos últimos anos de apresentações ao vivo, esse documentário progressivamente avança seguindo os habituais protocolos de imagens de arquivo se mesclando a depoimentos para a própria equipe. Em última instância, se o ordenamento temporal – nem sempre tão  prevalecente assim, sobretudo ao início – das imagens e apresentações da banda que são referidas pretende provocar algo como o senso de esgotamento que levaria ao grupo se tornar recluso aos estúdios, nada parece mais imperativo nesse documentário que o de capitalizar em cima de novas gerações que não conhecem a banda, tendo em vista se tratar de algo co-produzido pelos próprios interessados, sem nenhuma chance de apresentar visões divergentes da “história oficial” por demais conhecida da banda. E o final aponta para vários motivos que os fez afastá-los dos palcos, todos eles tampouco desconhecidos previamente: a péssima qualidade dos equipamentos de som, mais que nunca observada na mega-apresentação do Shea Stadium, a crescente violência e ameaças, do Sul dos Estados Unidos, onde grupos de pessoas provocaram queima coletiva de discos a partir da declaração de Lennon de ser mais popular que Cristo ao Japão, em que havia ameaças contra o grupo se apresentar no Budokan, estádio até então associado sobretudo a tradições religiosas passando pelas Filipinas onde a recusa de Brian Epstein, empresário da banda, de um encontro com a primeira-dama Imelda Marcos foi considerada ofensiva por boa parte da população.  Havia ainda o crescente interesse em se realizar atividades individuais e não como banda, sendo talvez um dos últimos momentos em que o senso de grupo ainda se fez forte as férias após quatro anos de atividades ininterruptas de 3 meses em 1966. Os depoentes, além de evidentemente Paul McCartney e Ringo Starr (as imagens de arquivo de entrevistas de Harrison e Lennon são relativamente parcimoniosas) formam um grupo heterogêneo e não muito extenso de celebridades, boa parte delas fãs de carteirinha do auge da Beatlemania como Whoopi Goldberg, cuja mãe a levou de surpresa para assisti-los no Shea Stadium, quando anteriormente havia informado não possuir dinheiro para os ingressos ou Sigourney Weaver, cujas imagens de arquivo registram sua juventude em meio a plateia ensandecida do Hollywood Bowl. Elvis Costello fala da incompreensão que acompanhou as primeiras semanas que se seguiram ao lançamento de Rubber Soul. O cineasta Richard Lester de sua experiência em dirigi-los duas vezes seguidas – inclusive também em imagens em arquivo de um programa de TV ao lado de Epstein. Talvez, no entanto, os depoimentos mais interessantes sejam do então jovem jornalista que os seguiu em turnê Larry Kane, cuja mãe morreu em meio a essa, tendo sido consolado pelos fab four e da líder negra Kitty Oliver, que lembra quão importante foi a declaração da banda, famosa por não se manifestar em questões sociais, contrária a segregação dos negros no Estados Unidos e a experiência inédita de ir ao seu primeiro show, ao lado de pessoas brancas, em Jacksonville.  Seu tom “oficioso” pode ser comparado ao mais presumivelmente independente Beatles Stories (2011), de Seth Swirsky. Finda com um prenúncio dos anos reservados ao estúdio e Sgt.Peppers assim como imagens da última apresentação dos Beatles, no telhado do prédio que foram filmadas para o documentário Let it Be. Dedicado a memória de George Martin, falecido no mesmo ano de sua produção, assim como dos assistentes Mal Evans e Neill Aspinall, que surge em depoimento de arquivo. Existe versão mais longa, com 137 minutos. Apple Corps./Imagine Ent./OVOW Prod./Universal Music Group Int./White Horse Pictures. 105 minutos.

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