Filme do Dia: O Jogador (1992), Robert Altman


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O Jogador (The Player, EUA, 1992). Direção: Robert Altman. Rot. Adaptado: Michael Tolkin, baseado no seu próprio romance. Fotografia: Jean Lépine. Música: Thomas Newman. Montagem: Maysie Hoy & Geraldine Peroni. Dir. de arte: Stephen Altman & Jerry Fleming. Cenografia: Susan Emshwiller. Figurinos: Alexander Julian. Com: Tim Robbins, Greta Schacci, Peter Gallagher, Vincent D’Onofrio, Sydney Pollack, Whoopi Goldberg, Dean Stockwell, Fred Ward, Richard E. Grant, Cynthia Stevenson, Brion James, Lyle Lovett, Dina Merill, Angela Hall, Leah Ayres.
        Griffin Mill (Robbins) é um produtor-executivo de Hollywood, com o direito a escolher entre as centenas de propostas que recebe anualmente, algumas das doze que serão produzidas pelo estúdio. Seu poder, no entanto, encontra-se ameaçado com a  ascensão de um novo executivo Larry Levy (Gallagher) e sua possível demissão. Para complicar as coisas, torna-se  vítima de postais ameaçadores de um dos roteiristas que teve seu trabalho rejeitado por Mill. Extremamente pressionado, Griffin apressadamente encontra a possível ameaça na figura do roteirista frustrado David Kahane (D’Onofrio). Através de sua namorada, a artista plástica June Gudmundsdottir (Schacci), fica sabendo que ele assiste Ladrões de Bicicleta, no cine Rialto. Após a sessão e de uma discussão acalorada com Kahane, mata-o. Sentindo-se culpado, vai ao enterro de Kahane e lá  se torna amigo de June. Enquanto bola uma estratégia para emperrar a carreira de Levy, um projeto que acredita estúpido que conta com a colaboração de Andy Civella (Stockwell) e Tom Oakley (Grant), continua recebendo ameaças e sofre um inquérito comandado por uma detetive incomum, Susan Avery (Goldberg) e seu assistente DeLongpre (Lovett). Após descobrir uma cobra em seu carro,  tenta iniciar um romance com June, mas essa afirma que ainda se encontra confusa com a morte do namorado. A maré de azar de Mill porém finda quando ele engata de vez um romance com June, dispensando a antiga namorada e sua assistente Bonnie Sherow (Stevenson), consegue ser absolvido do inquérito criminal, já que a testemunha ocular se equivoca no reconhecimento e recebe uma ligação do roteirista que lhe ameaçava propondo filmar a própria história que Mill vivenciara nos últimos meses.

Esse filme de Altman se encontra entre um dos melhores de sua carreira e do cinema americano na década de 90. Nenhum outro filme certamente retrata de forma tão capciosa e inteligente o próprio universo de sua produção. Voltando os elementos do filme de ação em estilo noir para o meio cinematográfico (embora exista uma vasta filmografia sobre os bastidores do cinema, dos mais românticos aos mais ácidos, nenhum vai tão longe nos detalhes da competitiva indústria como este), Altman realizou uma exploração tão mordaz quanto a que já efetivara no mundo da música country em Nashville (1975), mesmo que a inexistência de uma trama coletiva e uma aproximação maior com o filme de gênero sejam diferenciais. Inicia com um plano-seqüência de seis minutos e meio, onde muitos profissionais do estúdio discutem propostas reais e também comentam filmes de planos longos. Associações também não faltam entre os cartazes dos filmes nas paredes e as situações que se seguem. Entre as cenas de destaque: a que Giffin observa a futura mulher pelas janelas de sua casa, enquanto fala em seu celular com a própria; o hilário interrogatório, em que a detetive (uma paródia dos detetives do cinema noir), além de mulher e negra é desbocada, pergunta se ele já transou com June, afastando-se do tom realista do filme;  a que Mill afirma em um grupo para pararem de falar sobre Hollywood, “afinal nós somos gente culta” ou ainda a que sua ex-namorada, recém-despedida, ao reclamar da idoneidade intelectual de um roteirista e quebrar o salto do sapato, chora as mágoas diante do otimista lema do estúdio. A ironia final, um belo exercício metanarrativo, pode ser lida tanto como referente especificamente à indústria cinematográfica quanto o esporte nacional favorito que é o de fazer dinheiro, ainda que em cima da tragédia alheia ou própria. Enquanto o filme dentro do filme, produzido por Levy, torna-se um sucesso com final feliz e astros de primeira grandeza, ao contrário do que previamente se propunha, o próprio filme de Altman é um final feliz às avessas. Ao mesmo tempo que irônico, percebe-se também a paixão pelo meio, tanto no número de filmes evocados quanto na extensa lista de atores que participa do filme. Provavelmente nenhum outro filme teve tantas pontas de nomes famosos quanto este, vivendo a si próprios, como Bruce Willis, Julia Roberts, Malcolm McDowell, Andie MacDowell, Harry Belafonte, Burt Reynolds, Angelica Huston, John Cusack, Charles Champlin, Robert Carradine, Lily Tomlin, Cher, Karen Black, James Coburn, Brad Davis, Peter Falk, Jeff Goldblum, Louise Fletcher, Teri Garr, Jack Lemmon, Joel Grey, Buck Henry, Marlee Matlin, Nick Nolte, Alan Rudoph, Susan Sarandon, Rod Steiger, Elliott gould (como em Nashville), entre outros. Avenue Pictures Productions/   Guild/Spelling Entertainment. 123 minutos.

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