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Mostrando postagens de março, 2017

The Film Handbook#121: Volker Schlöndorff

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Volker Schlöndorff Nascimento : 31/03/1939, Wiesbaden, Alemanha Carreira (como realizador): 1960- C omparado a seus compatriotas mais conhecidos, Volker Schlöndorff pode parecer um mero artesão com pouca personalidade artística. Sob o frequentemente lustroso requinte de seus filmes, no entanto, reside um permanente interesse nas relações dos rebeldes e marginais de uma sociedade repressora. Após estudar cinema em Paris, Schlöndorff ganhou experiência em realização como assistente de Malle , Resnais  e, mais notavelmente, Melville ; mesmo tendo realizado o curta Who Cares? / Wen Kümmert's  em 1960, não foi senão em 1960 que dirigiria seu primeiro longa, O Jovem Törless / Der Junge Törless . Esse astudo estudo psicológico da natureza sedutora da crueldade, ambientado em um internato alemão de disciplina rígida  na virada do século, foi baseado em um livro de Robert Musil, sendo o primeiro das muitas adaptações literárias efetivadas por Schlöndorff; mais que isso, ilustrou su

Filme do Dia: Eu Ainda Estou Aqui (2010), Casey Affleck

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E U Ainda Estou Aqui ( I'm  Still Here , EUA, 2010). Direção: Casey   Affleck. Rot. Original: Casey Affleck & Joaquin Phoenix. Fotografia: Magdalena Górka. Montagem: Dody Dorn & Peggy Eghbalian. Esse documentário, ao apresentar o mergulho da personalidade aparentemente em confusão mental do ator Joaquin Phoenix, numa malfadada incursão como cantor de rap, consegue traçar um dos retratos mais crus e despojados que um ator (ou ex-ator) de Hollywood já se permitiu. Phoenix se entristece na visita ao músico e produtor Sean “Diddy Combs” e imediatamente apela para cocaína, permanece praticamente catatônico em uma entrevista com David Letterman, agride um homem que se encontra no público de uma apresentação sua em Las Vegas e vomita logo após diante das câmeras e, após discutir com seu assistente, torna-se vítima de seus excrementos enquanto dorme. A dimensão de exploração sensacionalista de um personagem/situação-limite paira sobre todo o documentário, porém parece me

Filme do Dia: Cobra (1925), Joseph Henabery

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C obra (EUA, 1925). Direção: Joseph Henabery. Rot. Adaptado: Anthony Coldeway, June Mathis & Natacha Rambova, baseado na peça de Martin Brown. Fotografia: Harry Fischbeck & Deveraux Jennings. Montagem: John H. Bonn. Dir. de arte: William Cameron. Figurinos: Adrian. Com: Rudolph Valentino, Nita Naldi, Casson Ferguson, Gertrude Olmstead, Hector Sarno, Claire de Lorez, Eileen Percy, Lilian Langdon. O aristocrata conquistador Conde Rodrigo Toriani (Valentino) parte para os Estados Unidos com o recém-amigo Jack Doming (Ferguson), para tentar refazer sua vida, trabalhando como consultor na empresa do amigo que vende antiguidades. Rodrigo apaixona-se por sua secretária, Elise (Naldi). A libertina esposa de Jack, Mary Drake (Olmstead), consegue seduzi-lo e o casal vai a um hotel. Drake morre tragicamente no hotel, após a partida de Toriani. Atormentado com a culpa em relação ao amigo Doming, Toriani lhe revela sobre a noite que passara com sua esposa e parte para uma temporada

Filme do Dia: Os Rapazes da Banda (1970), William Friedkin

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O s Rapazes da Banda ( The Boys in the Band , EUA, 1970). Direção: William Friedkin . Rot. Adaptado: Mart Crowley, a partir de sua própria peça. Fotografia: Arthur J. Ornitz. Montagem: Gerald B. Greenberg & Carl Lerner. Dir. de arte: John Robert Lloyd. Cenografia: Philip Smith. Figurinos: W. Robert La Vine. Com: Kenneth Nelson, Frederick Combs, Cliff Gorman,  Leonard Frey, Laurence Luckinbill, Keith Prentice, Peter White, Reuben Greene, Robert la Torneaux. Para comemorar o aniversário de Harold (Frey), Michael (Nelson) convida todos os seus amigos gays para o seu apartamento, além de um presente para Harold, o jovem garoto de programa caracterizado como cowboy texano (la Tourneaux). O que ele não previa é que um antigo colega de universidade, heterossexual, Alan McCarthy (White), em crise aparentemente conjugal, surgiria inesperadamente. Quando Donald é provocado por Emory (Gorman) o agride. Porém, os conflitos demonstram ir muito além desse momento de destempero. Em um jo

Filme do Dia: E Sua Mãe Também (2001), Alfonso Cuarón

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E Sua Mãe Também ( Y Su Mama También , México/EUA, 2001). Direção: Alfonso Cuarón. Rot. Original: Alfonso & Carlos Cuarón. Fotografia: Emmanuel Lubezki. Montagem: Alfonso Cuarón & Alex Rodrigues. Dir. de arte: Marc Bedia & Miguel Angel Alvarez. Figurinos: Gabriela Diaque. Com: Maribel Verdú, Gael Garcia Bernal, Diego Luna, Diana Bracho, Emílio Echevarría, Ana López Mercado, María Aura, Juan Carlos Remolina, Andrés Almeida, Silverio Palácios.           Após a partida das respectivaas namoradas, os inseparáveis, Julio Zapata (Bernal) e Tenoch Iturbide (Luna), passam a viver uma semana de tédio, em que praticamente não  fazem nada além de se masturbar. Em uma festa de casamento da família Iturbide, os amigos conhecem e convidam a mulher espanhola de um primo de Iturbide, Luisa Cortés (Verdú) para viajar com eles à praia. Quando já esqueceram do assunto, Luisa, ainda chocada com o relato da traição do marido Jano (Remolina) sonda se a proposta da praia ainda está de p

Ilka Soares em "Iracema" (1949)

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Filme do Dia: Lucía (1968), Humberto Solás

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L ucía (Cuba, 1968). Direção: Humberto Solás. Rot. Original: Julio García Espinosa, Nelson Rodríguez & Humberto Solás. Fotografia: Jorge Herrero. Música: Leo Breuwer. Montagem: Nelson Rodríguez. Figurinos: Maria Elena Molinet. Com: Raquel Revuelta, Eslinda Nuñez, Adela Legrá, Eduardo Moure, Ramón Brito, Adolfo Llaurado, Idalia Anreus, Silvia Planas. Nos tempos da Guerra pela independência contra a Espanha, Lucía (Revueltas), filha de família tradicional, parece descobrir que sua sorte será de se tornar uma velha tia solteirona quando o charmoso Rafael (Moure), que possui livre trânsito entre a Espanha e Cuba se enamora dela. Logo descobre que ele possui um filho com outra mulher na Espanha, o que gera grande escândalo na sociedade local. Lucía não ressiste ao seus encantos, no entanto, fugindo de casa com a promesse de viver com ele nos cafezais da família. Porém, Rafael, a abandona em meio ao conflito entre cubanos e espanhóis. Para piorar tudo, encontra o outro homem que m

Filme do Dia: A Inglesa e o Duque (2001), Eric Rohmer

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A Inglesa e o Duque ( L’Anglaise et le Duc , França, 2001). Direção: Eric Rohmer. Rot. Adaptado: Eric Rohmer, baseado nas memórias de Grace Elliott, Diário de Minha Vida Durante a Revolução Francesa . Fotografia: Diane Baratier. Montagem: Mary Stephen. Dir. de arte: Antoine Fontaine. Cenografia: Lucien Eymard. Figurinos: Nathalie Chesnais & Pierre-Jean Larroque. Com: Lucy Russell, Jean-Claude Dreyfus,  Alain Libolt, Charlotte Véry, Rosette, Leonard Cobiant, François Marthouret, Caroline Morin, Héléna Dubiel.           Grace Elliott (Rusell) é uma inglesa que possui boas relações com a aristocracia francesa, que vive um momento particularmente crítico, com as perseguições que se acirram após a tomada ao poder pelos jacobinos. Amante do Duque de Orleans (Dreyfus), Grace consegue passar imune inicialmente pelas tormentas vivenciadas pelos aristocratas nativos por ser inglesa, embora sinta-se profundamente aterrorizada com os rumos que a política está tomando. Profundamente lea

Filme do Dia: Entre a Vida e a Morte (1957), Hall Bartlett

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E ntre a Vida e a Morte ( Zero Hour! , EUA, 1957). Direção: Hall Bartlett. Rot. Adaptado: Arthur Hailey, Hall Bartlett &   John C. Champion, baseado na telepeça de Hailey. Fotografia: John F. Warren. Música: Ted Dale. Montagem: John C. Fuller. Dir. de arte: Boris Leven. Cenografia: Ross Dowd. Figurinos: Eddie Armand. Com: Dana Andrews, Linda Darnell, Sterling Hayden, Elroy “Crazylegs” Hirsch, Geoffrey Toone, Jerry Paris, Perry King, Patricia Tiernan, Raymond Ferrell. Desesperado para salvar o seu casamento, o veterano da Segunda Guerra Ted Stryker (Andrews), que nunca mais conseguiu se manter num emprego desde então, embarca no mesmo avião que sua esposa, Ellen (Darnell), pretende abandoná-lo, juntamente com o filho Joey (Ferrell). Uma das opções de refeição servida no vôo, no entanto, deixam piloto e co-piloto incapacitados de comandar o avião, assim como vários passageiros em estado grave (entre eles, o filho do casal). Contra sua vontade, Ted assume o comando do avião e

The Film Handbook#120: John Schlesinger

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John Schlesinger Nascimento: 16/02/1926, Hampstead, Londres, Inglaterra Morte: 25/07/2003, Palm Springs, Califórnia, EUA Carreira (como diretor): 1956-2007 F requentemente aclamado como um dos melhores diretores a emergir da onda de realizadores de baixo orçamento e consciência social dos idos dos anos 60, John Richard Schlesinger tem observado sua reputação açodar em anos recentes. De fato, mesmo seus filmes mais louvados, em sua maior parte, retrospectivamente, aparentam serem rasos e mal concebidos. Ator bissexto, Schlesinger iniciou realizando filmes amadores em 1948, antes de fazer seu nome no final dos anos 50 como diretor de documentários curtos para a televisão. Em 1962, fortalecido pelo premiado Terminus  (uma breve análise em um dia da vida na Estação de Waterloo), ele realizou seu longa de estreia, Ainda Resta uma Esperança / A Kind of Loving , no qual um romance no acizentado norte industrial inglês finda em gravidez, um casamento estéril e desencantamento. Ambient

Filme do Dia Magoo's Glorious Fourth (1957), Pete Burness

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M agoo´s Glorious Fourth (EUA, 1957). Direção: Pete Burness.  Rot. Original: Ed Nofziger & Dick Shaw. Música: Dean Elliot. No dia da independência, Magoo decide embelezar sua casa comprando flores, mas na verdade compra   fogos de artifício. As chamas de seu charuto provocam uma explosão sequencial dos fogos, mesmo que seu sobrinho Waldo tenha tentado deter. Waldo é levado pela polícia como culpado, enquanto Magoo acredita que toda a culpa é do gato.   Faz parte da série original que logo a seguir ganharia uma versão para a TV com traços mais pobres e com uma percepção menos acurada na sua crítica sobre o americano médio. Trata-se curiosamente, de uma série que não envolve qualquer tipo de antropomorfismo, elemento considerado quase sagrado entre todas as companhias que produziam animação até o momento. 5 minutos e 44 segundos.

Filme do Dia: A Cidade do Rio de Janeiro (1924), Alberto Botelho

A Cidade do Rio de Janeiro (Brasil, 1924). Direção: Alberto Botelho. Descrição de pontos turísticos, bairros e personalidades da cidade do Rio de Janeiro flagradas seja por grandes planos abertos (utilizados para a descrição geográfica, traçando um bom retrato dos limites da cidade de então) ou pela usual utilização de Botelho para planos mais abertos seguidos de planos mais fechados na descrição das pessoas. É notório um certo constrangimento diante da câmera por parte dos filmados, seja através de sorrisos nervosos ou olhares de esguia, algo ainda mais patente nas candidatas a miss Brasil flagradas em Os Florões de uma Raça . Além das belezas geográficas e das personalidades, o tripé em que Botelho se ancora para filmar o Rio diz respeito a exuberante arquitetura imperial de muitos de seus prédios públicos, o que também remete a uma interessante arqueologia não apenas com relação aos contornos da própria cidade, no sentido de em sua maior parte serem hoje inexistentes. Seu métod

Filme do Dia: Sob as Estrelas (2007), Félix Viscarret

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S ob as Estrelas ( Bajo las Estrellas , Espanha, 2007). Direção: Félix Viscarret. Rot. Adaptado: Félix Viscarret, baseado no romance El Trompetista del Utopía , de Fernando Aramburu. Fotografia: Álvaro Guttièrez. Música: Mikel Salas. Montagem: Ángel Hernández Zoido. Dir. de arte: Gustavo Ramírez. Figurinos: Laura Renau. Com: Alberto San Juan, Emma Suárez, Julián Vilagrán, Violeta Rodríguez, Enrique Cazorla, Luz Valdenebro, Amparo Valle, Alfonso Torregrosa. Benito Lacunza (San Juan) é um trompetista em Madri que retorna a sua cidade natal para o enterro do pai. A partir de então, envolve-se com o relacionamento entre o irmão artista plástico, Lalo (Vilagrán), de perfil autista e Nines (Suárez), com quem Benito namorara mais jovem. Benito pretende demonstrar a Lalo que Nines não serve para ele. Benito se encontra cada vez mais próximo da filha de Nines, Ainara (Rodríguez), a quem chama de Porquita. Certo dia quando se encontra com o irmão no carro e numa estrada bastante enevoada

Filme do Dia: Perigosa (1935), Alfred E.Green

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P erigosa ( Dangerous , EUA, 1935). Direção: Alfred E. Green. Rot. Original: Laird Doyle. Fotografia: Ernest Haller. Música: Ray Heindorf, Bernhard Kaun & Heinz Roemheld. Montagem:   Thomas Richards & Hugh Reticker. Figurinos: Orry-Kelly. Com:   Bette Davis, Franchot Tone, Margaret Lindsay, Alison Skipworth, John Eldredge, Dick Foran, Walter Walker, Richard Carle. Joyce Heath (Davis), atriz decadente e alcóolatra, tem uma chance de voltar aos palcos após um admirador de longa data, o engenheiro e rico homem de negócios Don Bellows (Tone), noivo da socialite Gail Armitage (Lindsay), interessar-se por ela. Joyce possui fama de má sorte, tendo provocado o suicídio de um ex-amante e a ruína do seu atual marido, Gordon (Eldredge), de quem vive separada a muito tempo, mas que sempre lhe negou o divórcio. Quando tudo se encontra preparado para o retorno triunfal de Joyce,   bancado pelo próprio Bellows, o pedido insistente de casamento desse logo após a estréia, desestabiliza

Filme do Dia: Spheres (1969), Norman McLaren & René Jodoin

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S pheres (Canadá, 1969). Direção: René Jodoin & Norman McLaren. Nesse curta experimental nos perguntamos menos por qualquer questão estritamente narrativa que por qual lógica seguirá o grupo de esferas que se dispõe em diversas formações, bipartições, uniões e aproximações/distanciamentos, provocando efeito de profundidade e contraposição entre figura/fundo, assim como se haveria alguma alusão buscada (o início do universo? o início da vida humana?), o que mais provavelmente não ocorre, sendo o seu caráter abstrato, acentuado pela composição de Bach executada por Glenn Gould, mais que propriamente sua composição visual, “amenizada” pela figura de uma borboleta que ocasionalmente interage com as esferas. National Film Board of Canada. 7 minutos e 21 segundos.

Filme do Dia: Orgia ou o Homem Que Deu Cria (1970)

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O rgia ou o Homem Que Deu Cria (Brasil, 1970). Direção: João Silvério Trevisan. Fotografia: Carlos Reichenbach. Montagem: João Batista de Andrade. Música: Ibañez de Carvalho. Cenografia: Walcir Carrasco. Com: Pedro Paulo Rangel, Ozualdo Candeias, Fernando Benini, Sérgio Couto, Janira Santiago, Jean-Claude Bernardet, Marcelino Buru, José Fernandes, Neusa Mollon, Jairo Ferreira, Cláudio Mamberti. Pobre agricultor mata o pai (Candeias) e sai em direção à cidade, encontrando diversos tipos com os quais pretende desbravar o Brasil como um homem que violenta e assassina um homossexual, um escritor (Bernardet) que se enforca após queimar seus livros, um travesti, um anjo, um rei, um padre, duas prostitutas, dois índios, um homem grávido. Na travessia até chegar à cidade eles encontram um local com mesa farta, onde o rei morre de indigestão. Mais adiante num cemitério, o homem grávido pare seu filho para a alegria geral. Enquanto todos festejam, os índios devoram a criança. O f

Filme do Dia: Vício Inerente (2014), Paul Thomas Anderson

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V ício Inerente ( Inherent Vice , EUA, 2014). Direção: Paul Thomas Anderson. Rot. Adaptado: Paul Thomas Anderson, a partir do romance de Thomas Pynchon. Fotografia: Robert Elswit. Música: Jonny Greenwood. Montagem: Leslie Jones. Dir. de arte: David Crank & Ruth De Jong. Cenografia: Amy Wells. Figurinos: Mark Bridges. Com: Joaquin Phoenix, Katherine Waterston, Joanna Newsom, Josh Brolin, Jordan Christian Hearn, Taylor Bonin, Benicio Del Toro,   Eric Roberts, Owen Wilson, Serena Scott Thomas, Maya Rudolph, Martin Dew, Michael Kenneth Williams. California, idos dos anos 70. Doc Sportello (Phoenix), detetive particular, investiga o desaparecimento de uma ex-namorada sua, Shasta Fay (Waterston), sendo seu contato na polícia  o rude Bigfoot   (Brolin). Anderson parece efetuar uma atualização do estranhamento de Altman com o noir em Um Perigoso Adeus (1973), porém aloprando em seu descaso em tornar didático seu enredo complexo e repleto de personagens e situações absurdas, al

The Film Handbook#119: Sam Fuller

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Samuel Füller Nascimento: 12/08/1911/Worcester, Massachussets, EUA Morte: 30/10/1997, Hollywood, Los Angeles, Califórnia Carreira (como diretor): 1949-2005 F requentemente acusado de crueza e sensacionalismo, os filmes de Samuel Michael Füller são, na verdade, análise complexas e poderosamente dramáticas da vida americana. Independentemente de ter chegado a elas conscientemente ou não, as muitas ironias e contradições que informam sua visão de tabloide sensacionalista sobre a violência e insanidade, que são o custo inevitável para a liberdade pessoal, marcam-no como um artista maior. Após um longo aprendizado como repórter criminal e romancista de ficções baratas, Füller entrou no mundo do cinema como roteirista, sendo seu melhor roteiro para Apaixonados / Schockproof , descrevendo o amor condenado de um ex-presidiário e sua agente de condicional. Após uma destacada participação no exército na Segunda Guerra Mundial, ele se encaminharia para a direção  com Eu Matei Jesse Ja

Filme do Dia: Moscou (2009), Eduardo Coutinho

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M oscou (Brasil, 2009). Direção: Eduardo Coutinho. Fotografia: Jacques Cheuiche. Montagem: Jordana Berg. Coutinho filma a magia teatral, a partir dos ensaios para a montagem de uma peça de Tchecov que não chegará a ser estreiada sob a direção de Enrique Diaz com um grupo teatral de Belo Horizonte. E, talvez o efeito mais fascinante do filme seja perceber a eclosão dessa magia justamente a partir de cenários ainda em construção. Ou seja, o quanto a força do imaginário do texto nos leva a considerar o mimetismo realista do mundo produzido pelo cinema como retórico e mesmo desnecessário (aproximando-se, por esse viés, de Dogville e Manderlay de VonTrier). O cinema capta tudo com sutileza, mas sem se apagar por completo. A determinado momento, a partir de um simples close em três das personagens femininas se dirigindo para um interlocutor/câmera, têm-se um momento de grande intensidade, que muito deve ao texto, mas talvez ainda mais ao silêncio e ao maravilhoso trabalho de expre

Filme do Dia: Beijos (1957), Yasuzô Masumura

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B eijos ( Kuchizuke , Japão, 1957). Direção: Yasuzô Masamura. Rot. Adaptado: Kazuro Funabashi, baseado no romance de Matsutarô Kawaguchi. Fotografia: Joji Ohara. Música: Tetsuo Tsukahara. Montagem: Tatsuji Nakashizu. Dir. de arte: Tomoo Shimogawara. Com: Hiroshi Kawaguchi, Hitomi Nozoe, Aiko Mimasu, Eitarô Ozawa, Sachiko Murase, Saiko Mima, Kazuko Wakamatsu, Tanikaoro Shimizu. Kinichi (Kawaguchi) encontra a jovem Akiko (Nozoe) quando vai visitar seu pai (Ozawa) na prisão. Ambos precisam de 100 mil yens para liberarem os pais da prisão. Kinichi passa um dia de diversão na praia com Akiko, após ganhar dineheiro apostando em uma corrida de bicletas. Porém, após uma discussão, o casal não retorna junto. Kinichi vai à procura de sua mãe (Mima), que encontrara ocasionalmente no hotel diante da praia na qual estava. Ela, depois de muita relutância, aceita emprestar o dinheiro para Kinichi. Esse encontra Akiko com um playboy que detesta apenas para conseguir o dinheiro. Os dois bri