Filme do Dia: Jogando com a Sorte (1974), Robert Altman

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Jogando com a Sorte (Californa Split, EUA, 1974). Direção: Robert Altman. Rot. Original: Joseph Walsh. Fotografia: Paul Lohmann. Montagem: O. Nicholas Brown & Lou Lombardo. Dir. de arte: Leon Ericksen. Cenografia: Sam S. Jones. Figurinos: Hugh McFarland. Com: George Segal, Elliott gould, Ann Prentiss, Gwen Welles, Edward Walsh, Joseph Walsh, Bert Remsen, Barbara London, Barbara Ruick, Jeff Goldblum.
Bill Denny (Segal), editor de uma pequena revista, passa a se tornar próximo de Charlie Waters (Gould), jogador profissional, quando em um jogo é agredido por um homem, Sparkie (Walsh), que acredita que ambos são parceiros profissionais de trapaça. Inconformado, o homem os encontra no estacionamento, espanca-os e lhes toma o dinheiro. Bill e Charlie se recuperam na manhã seguinte, na casa das prostitutas amigas de Charlie, Barbara Miller (Prentiss) e Susan Peters (Welles). Pressionado por uma dívida junto a um agiota, Bill tem a ideia de juntar suas economias com Charlie e partirem para Reno, onde ganham uma pequena fortuna mas, no auge da alegria histérica de Charlies, Bill melancolicamente apenas pensa em partir de volta para casa.

É curioso quando mesmo “vitoriosos”, como é o caso da dupla apresentada nesse virtualmente esquecido filme de Altman, a ênfase maior do filme recai sobre a falta de sentido de tudo e um senso de derrota do personagem vivido por Segal impregna seu final. Não poderia ser muito diferente num dos períodos que o cinema norte-americano mais foi influenciado por uma visão ácida de um Sonho Americano corroído pelas feridas abertas desde o turbulento final da década anterior e contaminado pelo pessimismo de Watergate. E também devedor do cinema europeu como de Cassavetes na sua narrativa meio a esmo, nos quais personagens surgem e desaparecem com a mesma rapidez e não se constrói um conflito a ser resolvido ao final. Certamente as interpretações da dupla principal podem soar por demais teatrais perto dos mais convincentes retratos traçados contemporaneamente por Cassavetes ou mesmo John Huston (Cidade das Ilusões), mas o filme está longe de não ter igualmente seus atrativos, dispostos através de pequenas pérolas como a cena em que Segal sai de um inferninho pelas calçadas de uma Los Angeles crepuscular. E que acabam funcionando mais e melhor que outras que tinham pretensão de comicidade, como o amigo travestido das prostitutas, que sai assustado com a encarnação da dupla de amigos como “tiras”. Gould revive o mesmo personagem espirituoso e irônico que o havia lançado ao estrelato em MASH (1970), persona que parece incorporar igualmente em outros filmes dirigidos por Altman. Jeff Goldblum teria praticamente sua estréia no cinema com uma ponta nesse filme enquanto Barbara Ruick, como a mulher que serve Gould em Reno, e a quem o filme é dedicado, morreria durante sua produção na própria locação das filmagens.   Columbia Pictures Corp./Spelling Goldberg/Won World para Columbia Pictures. 108 minutos.

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