Filme do Dia: O Gabinete do Dr.Caligari (1919), Robert Wiene


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O Gabinete do Dr. Caligari (Das Cabinet des Dr. Caligari, Alemanha, 1920). Direção: Robert Wiene. Rot. Original: Hans Janowitz & Carl Mayer. Fotografia: Willy Hameister. Dir. de arte: Walter Reimann, Walter Röhrig & Hermann Warm. Cenografia: Hermann Warm. Figurinos: Walter Reimann. Com: Werner Krauss, Conrad Veidt, Friedrich Feher, Lil Dagover, Hans Heinrich von Twardowski, Rudolf Lettinger, Rudolf Klein-Rogge, Ludwig Rex, Elsa Wagner.

Francis (Feher) conta a uma pessoa a estranha história que lhe ocorreu. Juntamente com o amigo Alan (Twardowski), ele foi a uma feira, onde um apresentador, Dr. Caligari (Krauss), apresentou um sonâmbulo, Cesare (Veidt), que previu a morte de Alan até o final da noite. Alan, de fato, é morto. Para Francis, está mais do que evidente que Caligari se encontra por trás do assassinato, através das mãos de Cesare. Um homem (Klein-Rogge), no entanto, é preso como suspeito da morte. Jane (Dagover), objeto de amor tanto de Francis quanto de Alan, chocada, vai até o trailer onde mora Caligari, que lhe apresenta Cesare. Na mesma noite, Cesare tenta raptá-la, mas os familiares de Jane o perseguem e conseguem recuperá-la. Francis afirma que é impossível que tenha sido Cesare, pois ele observou que Caligari permaneceu o tempo todo ao lado de Cesare durante o ocorrido. A polícia vai até a casa de Caligari e descobre que ele velava um mero boneco. Caligari foge. Francis o redescobre como diretor de um hospital psiquiátrico no qual se encontra internado e onde revê igualmente Jane e Alan.

Filme que não apenas detonou o início do Expressionismo como filme expressionista por excelência, admirável tanto por sua complexa narrativa, ao menos para os padrões da época, pelo criativo uso do flashback quanto – e principalmente – pelo papel extraordinário desempenhado por sua cenografia, realizada por três mestres do período. O sucesso meio que por acaso dessa tentativa de realização anti-naturalista acabou redundando em toda uma série de filmes “caligaristas”, imitações menos inspiradas, tentação que nem o próprio Wiene fugiu (seu filme seguinte, Genuine, faz uso quase caricato de cenários expressionistas e de um enredo exótico). Entre as cenas mais impressionantes, encontra-se a que Cesare/Veidt surge praticamente das sombras de um muro e o momento em que sequestra Jane de sua cama. Ou ainda o momento em que Cesare abre os olhos, em meio ao seu sono perpetuo, quando apresentando na feira. O acréscimo ao final e início, de uma moldura realista na qual transcorrerá toda a dimensão alucinatória, provocada pelo delírio do herói, é tido como conseqüência de várias versões, como a de que fora sugestão de Fritz Lang, sendo uma forma de tornar o filme menos radicalmente anti-autoritário (como na análise de Kracauer) ou ainda de que foi um modo de transformar o radical experimentalismo cenográfico em algo mais palatável para um público que talvez não o aceitasse, caso não fosse produto desse delírio (como em Bordwell). Foi refilmado em 1962 e foi recriado com diálogos, boa parte de sua metragem original por David Lee Fisher em 1985, para não falar das referências disseminadas em realizadores tão diversos quanto Kenneth Anger, Charles Laughton (em seu único filme como realizador, O Mensageiro do Diabo), Brian De Palma, Syberberg ou Tim Burton. Decla-Bioscop AG. 71 minutos.


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