Filme do Dia: Muito Riso e Muita Alegria (1981), Peter Bogdanovich

Muito Riso e Muita Alegria (They All Laughed, EUA, 1981). Direção: Peter Bogdanovich.  Rot. Original: Peter Bogdanovich & Blaine Novak. Fotografia: Robby Müller. Música: Douglas Dilge. Montagem: William C. Carruth & Scott Vickrey. Dir. de arte: Kert Lundell. Cenografia: Joe Bird. Figurinos: Peggy Farrell. Com: Ben Gazzarra, John Ritter, Patti Hansen, Audrey Hepburn, Dorothy Stratten, Blaine Novak, Linda MacEwen, George Morfogen.
John Russo (Gazarra), Charles Rutledge(Ritter) e Arthur Brodsky (Novak) são um trio de detetives que se apaixonam pelas mulheres que devem seguir. Sobretudo Russo por Angela Niotes (Hepburn) e Rutledge por Dolores Martin (Stratten).
Se Daisy Miller (1974) demarcou uma virada na até então bem sucedida carreira de Bogdanovich, esse filme representou sua bancarrota financeira. Prejudicado pelo assassinato de Dorothy Stratten, que então vivenciava um relacionamento com o realizador (tema de Star 80, de Bob Fosse), afastando o interesse de qualquer grande estúdio em distribui-lo, algo que o realizador faria pessoalmente, enfrentando um enorme fracasso comercial, o filme tampouco se sustenta enquanto comédia ou o que seja. Caso algum espectador desavisado possa pensar que talentos como o de Gazzara e o do fotógrafo habitual de Wenders Robby Müller possam acenar para um afastamento inteligente de possíveis situações de filmes de gênero tal como em Cassavetes, de que não apenas faz uso de um de seus atores-fetiches como apareceu numa ponta de Opening Night, assim como de um espontaneísmo incentivado pelo uso de locações de forma sem grande planejamento que faz com os transeuntes observem a câmeras, suas ilusões logo naufragam, pois se trata de uma desastrada opção pela comédia romântica. Logo o que inicialmente poderia soar instigante por conta de sua difícil categorização se transforma numa sucessão arrastada de atropelos sem graça, mais lembrado pelo que acontecia longe das câmeras – como o relacionamento extraconjugal de Gazarra e Hepburn – que pelos poucos momentos de fato interessantes pelo brilho próprio, tal como o personagem de Gazarra com suas duas filhas (na realidade, filhas do realizador) pelas ruas de Nova York. Sem falar que a misoginia impera e a personagem donjuanesca vivida por Gazarra logo após uma despedida sentida de sua amante, embarca imediatamente no taxi de outra de suas amantes, vivida pela carismática Hansen, de longe dotada de maior magnetismo que a presença um tanto insossa de Stratten. O quer joga de vez uma pá de cal no filme é que ao contrário do sugerido seja por seu título original, emprestado de uma canção interpretada por Sinatra – aliás a trilha musical é de um ecletismo impressionante, incluindo desde Mozart até uma execução quase completa de Amigo de Roberto Carlos numa cena em uma sapataria, passando por Benny Goodman e Sinatra – seja por sua versão brasileira, o mesmo não se aplica ao espectador. Moon Pictures/Time Life Films para Moon Pictures.  115 minutos.


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