Filme do Dia: Histórias Reais (1986), David Byrne


Histórias Reais (True Stories, EUA, 1986). Direção: David Byrne. Rot. Original: David Byrne, Beth Henley & Stephen Tobolowsky. Fotografia: Edward Lachmann. Música: David Byrne. Montagem: Caroline Biggerstaff. Dir. de arte: Barbara Ling. cenografia: Susan Benson. Figurinos: Elizabeth McBride. Com: David Byrne, John Goodman, Annie McEnroe, Jo Harvey Allen, Spalding Gray, Alix Elias, Roebuck Staples, Tito Larriva, Swoosie Kurtz, John Ingle.

Lyp Sincher (Byrne) chega na pequena Virgil, Texas, para acompanhar as comemorações do sesquicentenário da cidade. Lá encontra tipos exóticos como o eterno solitário Louis Fyne (Goodman), Miss Rollings (Kurtz), a mulher que nunca sai da cama, Kay (McEnroe) e Earl Culver (Gray), o casal mais poderoso da cidade e que nunca se fala, um pastor (Ingle) pós-moderno que usa imagens de ícones do mundo da política e do show-biz em seus cultos, etc. Syncher assiste com Fyne um desfile de moda no shopping de Kay Culver e é apresentado pela própria. Fyne põe um anúncio na televisão em busca de um par perfeito e recebe a chamada de Miss Rollings, que fica decepcionada com seu pessimismo e muda de idéia após vê-lo contagiar a platéia com seu número vocal no show noturno do sesquicentenário.

Ainda que a crítica da modorrice americana possua alguns poucos momentos engraçados o filme demonstra ser interessante mais por sua estrutura fragmentada e múltipla que propriamente pelo humor. O resultado final, no entanto, que faz uso de recursos amplamente utilizados pelo cinema desconstrucionista dos anos 1960, como a fala de Byrne diretamente para a câmera e um olhar mais distanciado que propriamente propiciador de identificação com os personagens retratados, com o auxílio eventual de irônicas legendas torna-se desigual e seu festival de bizarrices sobre a aparente normalidade do americano médio soa muitas vezes não mais que entediante. Ironiza igualmente filmes recentemente lançados como Prince em Purple Rain e uma seqüência numa linha de montagem numa fábrica de informática ridiculariza uma seqüência – inclusive utilizando uma música que faz um arremedo da trilha de Phillip Glass – de Koyaanisqatsi (1983). O aparelho utilizado por Kurtz para se alimentar em sua própria cama é semelhante ao utilizado em Tempos Modernos (1936), de Chaplin. Na trilha sonora algumas composições que posteriormente seriam lançadas em disco pelo grupo Talking Heads, do qual Byrne era mentor e compositor de todas as canções, como Wild Wild LifeRadio Head, City of Dreams, Dream Operator e People Like Us.True Stories Venture/Warner Bros. 90 minutos.


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