Filme do Dia: A Mulher Sem Cabeça (2008), Lucrecia Martel


A Mulher Sem Cabeça (La Mujer Sin Cabeza, Argentina/França/Itália/Espanha, 2008). Direção e Rot. Original: Lucrecia Martel.  Fotografia: Bárbara Álverez.  Montagem: Miguel Sverdfinger. Dir. de arte: Maria Eugenia Sueiro. Com: Maria Onetto, Claudia Cantero, César Bordón, Daniel Genoud, Guillermo Arengo, Inés Efron, Alicia Muxo, Maria Vaner.
Verônica (Onetto), odontóloga, após ter atropelado o que acredita ser uma pessoa na estrada, passa a agir de modo estranho e maquínico com relação a seus amigos, parentes e no trabalho. O marido a tenta demover da idéia, achando que ela não atropelou mais do que um cachorro, porém ela descobre em um jornal que uma criança foi encontrada morta dentro de uma represa próxima ao local do atropelamento.
Há muito de O Pântano, seu primeiro e ainda melhor longa-metragem: a elegância do enquadramento, o senso lacunar em que as personagens se movem em meio a famílias extensas,  o estranhamento da morte inesperada, a angústia. A elipse e a atmosfera criada se tornam, como nos outros filmes da realizadora, mais importantes que a própria história. Porém, ao contrário de Antonioni, o sentimento de angústia da protagonista, vivida com brilho e garra por Onetto, possui um evento concreto, que serviu ao menos como despertar para seu próprio desespero. E evidentemente, tal dimensão existencial, como no cineasta italiano, mais do que qualquer pretensão de investimento no pretenso suspense gerado pelo atropelamento, é que guiarão o filme. O risco, não diminuto, que Martel enfrenta, ao conjugar um mínimo de história e um máximo de estilo, mesmo tendo em vista propósitos distiintos dos de um filme de gênero convencional, é o do maneirismo. Como seus outros filmes, foi ambientado em Salta, província da realizadora. Aqua Films/El Deseo S.A/R&C Produzioni/Slot Machine/Teodora Film para Distribution Co. 87 minutos.


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