Filme do Dia: No Palco da Vida (1951), Clarence Brown, Don Hartman, John Sturges, Richard Thorpe, Charles Vidor, Don Weis & William A. Wellman

No Palco da Vida (It´s a Big Country, EUA, 1951). Direção: Clarence Brown, Don Hartman, John Sturges, Richard Thorpe, Charles Vidor, Don Weis & William A. Wellman. Roteiro Original: Helen Deutsch, Dorothy Kingsley & Lucille Schlossberg. Rot. Adaptado: William Ludwig, baseado em conto de Edgar Brooke; Ray Chordes, baseado em conto de Isobel Lennart; Claudia Cranston, baseado em conto de Allen Rivkin; Dore Schary, baseado em conto de George Wells. Fotografia: John Alton, Ray June, William C. Mellor & Joseph Ruttenberg. Música: Alberto Colombo, Adolph Deutsch, Lennie Hayton, Bronislau Kaper, Rudolph G. Kopp, David Raksin, David Rose & Charles Wolcott. Montagem: Ben Lewis & Frederick Y. Smith. Dir. de arte: Malcolm Brown, William Ferrari, Cedric Gibbons, Eddie Imazu, Arthur Lonergan & Gabriel Scogamillo. Cenografia: Jack Nonar, Ralph S. Hurst, Arthur Krams, Fred M. MacLean, Alfred E. Spencer & Edwin B. Willis. Com: Ethel Barrymore, Frederic March , Gary Cooper, Gene Kelly, Janet Leith, Van Johnson, William Powell, James Whitmore, Keefe Braselle, Nancy Davis, Sharon McManus, Bob Hyatt, Angela Clarke, Marjorie Main, S.Z. Sakall.
Oito episódios que pretendem retratar facetas da América. No primeiro, um americano médio senta ao lado de outro no trem e começa a contar vantagens sobre o país. Depois de ter sua leitura inúmeras vezes interrompida, o homem que permanecera escutando tudo, demonstra uma grande erudição sobre a história do país e afugenta o primeiro. No segundo, a Sra. Brian Patrick Riordan (Barrymore), vai até o seu jornal predileto e afirma para o editor-chefe Callaghan (Murphy) que ela não foi incluída no último censo. Levando a história inicialmente na piada, Callaghan procura as mais diversas instâncias de poder e, quando retorna para se desculpar perante a senhora, encontra  em sua casa um funcionário do governo que irá colher os dados da senhora. No terceiro, são apresentadas imagens de arquivo com celebridades negras que orgulham o país nos mais diversos campos (forças armadas, esportes, artes, etc.). No quarto, Stefan Szabo (Sakall), é um imigrante húngaro que faz o papel de mãe e pai para suas cinco filhas. A única coisa que ele não deseja para nenhuma delas é que venham a se enamorar de um grego, de quem os húngaros possuem uma rivalidade milenar. É justamente o que ocorre com sua filha Rosa (Leigh), que torna-se funcionária e esposa de Icarus Xenophon (Kelly). No quinto, o sargento Maxie Klein (Braselle) um combatente recém-chegado da Coréia lê para a Sra. Wrenley (Main), a última carta de seu filho, morto em combate e melhor amigo de Maxie. No sexto, Gary Cooper ridiculariza as ridicularizações a respeito do estado do Texas. No sétimo, ocorre uma demonstração de como o país é o mais ecumênico do mundo. No último, os preconceitos de um velho patriarca ítalo-americano, Joe Esposito (March) quase levam a que seu filho, de mesmo nome (Hyatt), deixe de usar óculos, sendo necessária a intervenção da professora do menino, a Srta. Collins (Davis).
         Esse indisfarçável produto de propaganda ideológica foi realizado no auge da paranóia anti-comunista. Derrotada a ideologia nazista, cumpre propagar os valores democráticos sobre o totalitarismo comunista. E a melhor arma que se busca, nesse sentido, não é uma alusão explícita ao comunismo, mais reforçar o senso de nacionalismo dos americanos, seja louvando a sua extensão territorial ou fazendo menção aos índios e negros (enquanto os primeiros só são lembrados como lapso de memória, aos segundos é dedicado todo um segmento). Reforça-se ainda o mito do país como um caldeirão cultural, acrescentando a contribuição de todos os estrangeiros que para lá emigraram e também os valores idealistas do individualismo liberal dos pioneiros (na figura da velha senhora que sente-se indignada por não ter sido recenseada). E, em outra trincheira, ataca os preconceitos populares que podem emperrar o senso de pertencer a uma nação (as piadas a respeito do Texas, expostas por Cooper, contrapõe-se o seu extremo oposto através das imagens) ou a saúde e o progresso em geral de seus indivíduos (o machismo ignorante do patriarca é combatido pela dobradinha composta pela impessoalidade do Estado, na figura da professora, e a afeição maternal). Muitas vezes grotesco em suas esquematizações apressadas e pouco convincentes, possui como melhores episódios os que a dramaturgia não se encontra totalmente sufocada pela didática ufana, como o dirigido por Wellman (último episódio). Inicia-se com imagens de Nova York e finda com cartões-postais americanos que emulduram os créditos, apropriadamente ornamentados pelas cores da bandeira americana. Trata-se de um dos maiores esforços coletivos do cinema americano,  contando com praticamente todos os artistas e técnicos de expressão da Metro do período. MGM. 89 minutos.


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