Filme do Dia: O Anjo Azul (1930), Josef Von Sternberg

O Anjo Azul (Der Blaue Engel, Alemanha, 1930). Direção: Josef von Sternberg. Rot Adaptado: Carl Zuckmayer, Karl Vollmöller, Heinrich Mann & Robert Liebmann, baseado no romance Professor Unrat, de Mann. Fotografia: Günter Rittau. Montagem:  Walter Klee & Sam Winston. Dir. de arte: Otto Hunte & Emil Hassler. Com: Emil Jannings, Marlene Dietrich, Kurt Gerron, Rosa Valetti, Hans Albers, Reinhold Bernt, Eduard von Winterstein, Hans Roth, Rolf Müller, Roland Varno, Carl Balhaus.
               O respeitável professor ginasial Immanuel Rath (Jannings), perde todo o seu status  social ao apaixonar-se pela cantora de cabaré Lola-Lola (Dietrich). Destituído de seu cargo de professor, passa a acompanhar a trupe de Lola. Inicialmente ainda consegue se divertir, mas logo sofre constantes humilhações por parte de Lola, que não se escusa em ficar com outros homens. O auge de seu martírio, no entanto é quando retornam a sua cidade, sendo que a sociedade vai em peso assistir a apresentação. Inicialmente ausente de si no palco, Rath transforma-se ao perceber que Lola encotra-se nos braços de outro homem, Mazeppa (Albers), e é vitimado por um surto de violência e loucura. Abandonando o teatro, vai morrer junto à sala de aula onde vivenciara seus melhores dias.
                Esse clássico do cinema alemão e mundial, produzido pelo célebre Pommer, foi o filme que lançou Dietrich rumo ao estrelato, transformando-a num símbolo sexual e iniciando uma parceria de cinco anos com o cineasta, que resultaria em sete filmes. Apresenta um dos mais cruéis retratos da decadência de um homem por conta de sua paixão desenfreada por uma mulher (nesse sentido, Rath é tão obsessivo quanto o protagonista de Eva, de Losey). A cenografia habitualmente majestosa e a iluminação sugerem tudo menos pretensões realistas e as relações de poder entre os sexos, com a mulher sempre ganhando preponderância, características de Von Sternberg em todo o ciclo de filmes com Dietrich, já podem ser percebidas. A sonoplastia, por outro lado, acentua caricatamente a mera reprodução natural dos ruídos, já que todos os sons simplesmente somem e aparecem à partir do abrir e fechar de portas. A cena mais célebre é a que Lola interpreta Ich bin von Kopf bis Fuß auf Liebe eingestellt para um extasiado professor. Poético, em sua melancolia, é o plano final, em que a câmara descreve com uma suave travelling a tragédia  de um professor sem alunos. Foram produzidas simultaneamente, como era costume à época, duas versões (uma alemã e outra em língua inglesa). Jacques Demy prestou seu tributo a Sternberg com Lola (1961), enquanto Fassbinder preferiu recriar a história numa Alemanha dos anos 50, em seu Lola (1981), onde à dimensão da moralidade burguesa e do amor soma-se à política. UFA. 99 minutos.


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