O Córrego (Le Ruisseau du Puits-Noir, Vallé de la Loue), 1855

Courbet pintava primordialmente eventos e cenários de sua nativa Ornans, uma vila na remota região de Franche-Comté. Proponente do realismo, transformou as ideias tradicionais sobre arte ao descrever camponeses simples e cenários rústicos com dignidade e numa escala grandiosa, somente reservada às pinturas históricas.

Galhos pendentes e verdejantes vegetações rasteiras circundam um estreito riacho no interior da floresta são observados em O Córrego. Esse local primitivo, aparentemente não perturbado pela civilização, evoca uma ânsia bastante popular durante o século XIX, um desejo romântico por um retiro tranquilo e restaurador dos rigores da vida moderna. Courbet utilizou uma técnica de espátula pouco ortodoxa para aplicar camadas irregulares de pigmentos, criando uma superfície trabalhada grosseiramente que imita as texturas das folhagens, água e pedras de calcário para evocar a presença física do terreno.

Quando essa pintura foi exibida na Exposition Universelle de 1855, Courbet identificou especificamente o desfiladeiro arborizado em O Córrego como Le Ruisseau du Puits-Noir, Vallé de la Loue (Córrego de Black Well, Vale do Loue), local conhecido próximo de Ornans. A muito interessado na história natural de sua região, incluindo sua geologia, Courbet, foi escrupulosamente acurado na descrição do cenário. Detalhes recém-observados e sutis manipulações na pintura demonstram ser o quadro o primeiro de diversas descrições do local.

Fonte: National Gallery of Art. Nova York: Thames & Hudson, 2005, pp. 183.

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