Paisagem Fluvial, c. 1590



Pode ser dito que com pinturas como essa, Annibale Carraci inventou a paisagem como tema para a pintura barroca italiana. A natureza é apreciada aqui primeiro e antes de tudo por ela própria, e não como pano de fundo para uma história. Uma branda luz de sol salpica a terra e seleciona as ondulações que pertubam a superfície do rio. O dourado no topo das árvores sugere um dia de começo do outono. Revestido de forma luzidia em vermelho e branco, um barqueiro executa seu ofício pelas águas rasas.

Na companhia de seu irmão Agostino e seu primo Ludovico Carraci, Annibale fez excursões ao campo para criar esboços de paisagens. Desses estudos rápidos feitos nos locais, trabalhou suas pinturas no estúdio. A composição resultante é um magistral equilíbrio das formas. Como o rio segue seu caminho pelo campo em direção ao primeiro plano os desvios de terra que traçam seu curso são feitos de recuos e avanços num ritmo alternado de triângulos. Árvores, como postes indicativos, demarcam a dimensão do recuo à distância. Ao mesmo tempo, as pinceladas ousadas das árvores escuras em primeiro plano forma um padrão dramático na superfície que roubam a atenção do espectador do azul enevoado do horizonte distante.
Texto: National Gallery of Art. Thames & Hudson: Nova York, 2005. pp. 109.

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